O grupo espanhol Prisa está finalmente em vias de concretizar o objetivo de sair de Portugal. Esta sexta-feira anunciou a celebração de vários contratos-promessa de compra através dos quais venderá a sua participação de 64,47% na Media Capital, proprietária da estação de televisão TVI e da Rádio Comercial. Não disse a quem vendeu, apenas o valor pelo qual vendeu — €0,6763 por ação, ou seja, €36,85 milhões.
O Expresso sabe que entre os novos acionistas estão os donos do grupo Lusiaves (Avelino Gaspar), que ficará com 20%; a família Serrenho, proprietária das tintas CIN, com cerca de 10%; o grupo de construção e imobiliário IBG, com cerca de 12% (a que está associado o cantor Tony Carreira); o empresário Luís Guimarães, dono do grupo têxtil Polopique; Cristina Ferreira, diretora de entretenimento e ficção da TVI, com 2,5%; e o músico Pedro Abrunhosa, com 2%.
A Prisa refere que este grupo de acionistas não tem nem controlo nem “influência dominante” sobre a Media Capital, um tema delicado atendendo a que nesta fase ainda decorre uma investigação por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre uma eventual concertação entre a própria Prisa e Mário Ferreira, dono do grupo turístico Douro Azul, que em maio comprou 30,22% da Media Capital por €10,5 milhões. A Prisa e o empresário assinaram um acordo parassocial no âmbito do qual se propunham procurar em conjunto novos investidores e desde julho foram feitas várias apresentações a potenciais compradores. É este acordo que tem estado a ser analisado pela CMVM — caso se conclua pela existência de concertação, Mário Ferreira poderá ainda ter de lançar uma oferta pública de aquisição (OPA). A acontecer, o preço a que a oferta seria lançada é uma incógnita, atendendo ao valor a que a Prisa está a vender a sua participação.
Em análise tem estado também, pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a eventual mudança de controlo da TVI da Prisa para Mário Ferreira. Os dois reguladores têm estado a recolher elementos e a ouvir os intervenientes. A própria Prisa chama a atenção para o facto de o negócio ter de ser aprovado pelos reguladores, mas também pelos seus credores. Isto porque os bancos que a financiaram detêm uma ‘cláusula de controlo’ que ainda está a garantir os empréstimos da Media Capital. A Cofina mantém uma OPA em curso sobre a Media Capital que, com o acordo anunciado pela Prisa, fica votada ao insucesso.