A concentração de cerca de 600 operacionais entre bombeiros, GNR, PSP, escuteiros, PJ e operadores de drones só tinha um objetivo: encontrar Valentina, de nove anos, desaparecida em Peniche desde a última quarta-feira. A coordenação da operação não foi fácil, sobretudo em período de pandemia, mas permitiu neste domingo pela manhã encontrar o corpo da criança, que terá sido assassinada pelo pai. "Foram questões internas do funcionamento da família que levaram a este desfecho", explicou, sem mais pormenores, Fernando Jordão, coordenador da PJ de Leiria.
Segundo o responsável, houve uma "excelente colaboração entre a GNR, a população e a PJ" que determinou o esclarecimento do crime, cujos detalhes ainda estão a ser determinados. Ainda assim, há "fortes indícios de crime" de homicídio e ocultação de cadáver. Estão detidos o pai e a madrasta da criança. O crime terá acontecido na quarta-feira e nessa mesma tarde o corpo da criança terá sido escondido num eucaliptal, nas imediações da zona de residência, onde viviam mais três crianças, uma com 12 anos, outra com quatro e um bebé de meses.
A PJ ouviu a criança mais velha, assim como os principais suspeitos, o pai, de 32 anos, e a madrasta, de 38, ambos acusados de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A primeira informação do desaparecimento da criança foi dada pelo pai, na manhã de quinta-feira. Segundo a PJ, o homicídio terá acontecido "no interior da família". Fernando Jordão avançou ainda que a PJ está convicta de que o homicídio aconteceu no interior da habitação, "num contexto de violência", não se tendo tratado, à partida, de uma morte acidental.
Os civis queriam ajudar, mas até tiveram de ser afastados para não destruírem as provas, explicou o representante da GNR. As informações dos habitantes, de familiares e até do pai da menor foram sendo utilizadas pela equipa da GNR e da PJ até que este domingo pela manhã o corpo de Valentina foi encontrado nas imediações de Atouguia da Baleia.
"As entrevistas e inquirições feitas a várias pessoas permitiram-nos fazer a correlação entre todos os dados que tínhamos em cima da mesa no sentido de colocarmos todas as hipóteses que seriam possíveis até encontrarmos indícios de condutas criminosas", acrescentou.
O coordenador disse ainda não ter informações que indiquem que a criança seria vítima de maus-tratos por parte do pai nem que estivesse a ser acompanhada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Adiantou ainda que a menina vivia habitualmente com a mãe, mas neste contexto de pandemia estaria com o pai "há algum tempo".
"Queremos realçar que o trabalho desenvolvido pela PJ não teria este desfecho, não fosse a excelente colaboração da GNR, da Proteção Civil, autarquias, escuteiros e populares, que contribuíram e muito na realização das buscas na tentativa de encontrar a criança", realçou Fernando Jordão.