De todas, esta é a questão mais relevante para determinar o quão difícil será o verão. Para Fernando Maltez, diretor do Serviço de Infecciologia do Hospital Curry Cabral, “tendo em conta o que se passa em alguns países do Hemisfério Sul, onde tem estado quente e húmido, não se pode afirmar que a pandemia será travada pelo calor”. O infecciologista recorda que dos seis tipos de coronavírus identificados e estudados em infeções anteriores, há quatro que são sazonais e dois que não. Estes últimos estiveram detrás da SARS e da MERS, que, tal como a covid-19, eram síndromes respiratórias agudas. “Em princípio, este vírus também não é sazonal”, acredita Fernando Maltez.
A comunidade científica internacional está dividida sobre o que esperar do comportamento do SARS-CoV-2, embora a tendência seja para haver pouco otimismo. Na semana passada, em resposta a um pedido da Casa Branca, a federação norte-americana de academias nacionais de ciências, engenharia e medicina produziu um relatório em que recomendou muita cautela. Alguns estudos científicos preliminares têm mostrado que parece haver menos infeções à medida que a temperatura e a humidade aumentam, mas o relatório chama a atenção para o exemplo da Austrália e do Irão, onde o vírus tem feito o seu caminho apesar do atual clima de verão. “Existem muitos outros fatores a ter em conta, além da temperatura ambiente, da humidade e da sobrevivência do vírus fora do hospedeiro, que influenciam e determinam as taxas de transmissão”, sublinha o documento.