Todos os madeirenses sabem onde estavam naquele sábado. As cheias de 20 de fevereiro de 2010, que varreram a costa sul, são um marco da ilha, uma cicatriz profunda, deixada pelos 51 mortos, 600 desalojados e mil milhões de euros de prejuízos. Foi uma das maiores tragédias deste século, superada apenas pelos incêndios de 2017. Uma década volvida, cinco famílias continuam à espera de realojamento definitivo, tantas quantas as que nunca puderam enterrar os que lhes desapareceram. Dentro das ribeiras ainda há máquinas a trabalhar em obras de prevenção de riscos. A aluvião alterou toda a zona ribeirinha do Funchal e mudou para sempre quem vive na ilha.
Manuel Nunes, antigo sacristão da Sé, saiu de casa naquela manhã para alertar o vizinho. O ribeiro que separa as duas propriedades, no Laranjal, zona alta do Funchal, ia cheio e havia já água a entrar por um anexo. Nunca mais foi visto, nem vivo nem morto. O seu nome consta da lista de desaparecidos cuja morte presumida só agora será declarada, a 20 de fevereiro de 2020, quando se cumprem 10 anos sobre a aluvião que assolou a Madeira. É só uma formalidade legal, pois a família há muito que lhe fez o luto.
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