Sociedade

Um dos agressores jogou no Marítimo. O que já se sabe sobre a violência na noite do Funchal

Já passava das 7h00 quando as autoridades receberam o alerta: havia uma discussão com várias pessoas a ocupar a via pública. Quando lá chegaram, já não encontraram nada. O que aconteceu minutos antes foi gravado e divulgado nas redes sociais: dois grupos em confronto, acabando um homem por ficar caído no chão enquanto lhe pontapeavam a cabeça. Pelo menos duas pessoas foram atendidas no hospital do Funchal na sequência das agressões

Lourenço tem 18 anos e é um dos jovens já identificados pelas autoridades como um dos envolvidos na agressão na madrugada deste domingo, junto à discoteca “Vespas”, no Funchal. Ao que o Expresso conseguiu apurar, trata-se do homem mais alto que surge nas imagens divulgadas nas redes sociais a pontapear o que parece ser a cabeça de um homem caído no chão.

O jovem, que nos últimos anos fez parte das camadas jovens do Marítimo, deixou o clube no começo da época passada e desde então tem representado uma equipa de futebol na Abóboda, em Cascais. O Expresso sabe ainda que o jovem tem antecedentes.

Os vídeos começaram a circular nas redes sociais esta segunda-feira, horas depois de as autoridades terem sido alertadas para uma “desordem” na Avenida Sá Carneiro, no centro do Funchal, “em frente a um estabelecimento comercial de diversão noturna”. A chamada dava conta “da existência de muitas pessoas no centro da faixa de rodagem, impedindo a circulação automóvel”. No entanto, refere ainda o comunicado divulgado pela PSP da Madeira, quando a equipa de intervenção rápida chegou ao local “não presenciou qualquer desordem”.

“Testemunhas no local informaram que minutos antes teria ocorrido uma desordem. Mais se informa que não foram acionados quaisquer outros meios de socorro, por não se encontrar no local qualquer vítima”, acrescenta ainda a nota. No entanto, nas horas seguintes deram entrada no Hospital do Funchal, “por meios próprios”, duas pessoas envolvidas neste conflito. Ambas já tiveram alta e uma delas apresentou queixa.

Além do relato das testemunhas, a PSP está a recolher informação através dos vídeos gravados durante a agressão e que estão a circular nas redes sociais. As imagens mostram mais de uma dezena de pessoas que insultam e agridem. O momento mais violento acontece quando um dos homens cai no chão, aparentemente inanimado porque deixa de reagir, e um agressor continua a pontapeá-lo.

“A PSP já identificou as vítimas, bem como os agressores e algumas testemunhas, podendo confirmar que se trata de cidadãos maiores de idade”, pode ainda ler-se na nota da polícia. “O processo-crime relativamente a esta ocorrência, sob a direção da autoridade judiciária competente, seguirá os trâmites legais.” Entre vítimas (2) e agressores (7), as autoridades já identificaram nove pessoas.

Os vídeos mostram socos, pontapés, gritos, roupas rasgadas. Aquilo que terá dado origem ao conflito não é claro. Testemunhas ouvidas pelo Expresso contam diferentes versões. A primeira de que se terá tratado de um despique motivado por diferenças futebolísticas, uns seriam do FC Porto e outros apoiantes do Benfica. A segunda versão é a de que as vítimas foram até à discoteca para ir buscar uma sobrinha e que Lourenço e o grupo de amigos terá impedido que a jovem se ausentasse.

As autoridades, para já, não avançam com qualquer motivação. De acordo com o “Jornal da Madeira”, a versão dos clubes de futebol é apresentada por Lourenço enquanto a outra versão é a explicação dada pelas vítimas.