O último balanço oficial aponta para 305 mortos e mais de 14 mil infectados. E se até ontem as vítimas mortais estavam todas circunscritas ao território chinês, hoje o cenário mudou. O Departamento de Saúde das Filipinas anunciou, na madrugada de domingo, a primeira morte por coronavírus.
A vítima é um homem de nacionalidade chinesa, de 44 anos, que estava internado no Hospital San Lazaro, em Manila, desde 25 de janeiro, com uma pneumonia causada pelo coronavírus de Wuhan. Faleceu na noite de sábado.
E na China, que era até aqui o único país com vítimas mortais contabilizadas, as mortes não param de aumentar. Desde ontem (sábado), o novo coronavírus vitimou mais 45 chineses, elevando para 304 o número total de vítimas mortais. O número de pessoas infetadas com a doença também subiu para 14.380, mais 2.590 pessoas das registadas ontem.
A Alemanha registou também dois novos casos, identificados entre os cidadãos repatriados de Wuhan, elevando para dez o número de alemães infetados com o vírus, anunciaram este domingo as autoridades. Os dois cidadãos infectados encontram-se em isolamento num quartel em Germersheim (oeste da Alemanha). Os restantes 111 repatiados de Wuhan vão permanecer em quarentena num quartel das forças armadas, que foi habilitado para o efeito. Os repatriados alemães encontram-se divididos em grupos em três unidades fechadas, com o objetivo de minimizar o risco de contágio.
Prevenção cada vez mais apertada
O surto de pneumonia provocado pelo novo coronavírus (2019-nCoV) foi detetado no final do ano, em Wuhan. Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 25 outros países, com as novas notificações na Rússia, Suécia e Espanha. Em todo o mundo as medidas de contenção são cada vez mais apertadas.
A cidade chinesa de Wenzhou, uma das mais afetadas pela epidemia fora do epicentro do novo coronavírus, impôs este domingo um recolher obrigatório aos seus mais de nove milhões de habitantes e restringiu drasticamente a circulação automóvel, anunciaram as autoridades locais. Os moradores estão obrigados a permanecer em casa e apenas uma pessoa por família está autorizada a sair a cada dois dias para fazer compras. Os transportes públicos estão suspensos, tal como os autocarros de longa distância. As principais rodovias estão quase totalmente fechadas à circulação automóvel.
Tal como noutras cidades da China, os locais públicos como cinemas ou piscinas estão fechados. As empresas não voltarão a abrir antes de 17 de fevereiro e as escolas estão encerradas até pelo menos 01 de março. Wenzhou, que regista 265 casos de pessoas infetadas, situa-se no leste da China, a mais de 800 quilómetros de Wuhan, cidade no centro do país onde o coronavírus apareceu em dezembro e que está em quarentena desde 23 de janeiro.
China aprova medidas para tratamento de cadáveres das vítimas
Para tentar trabar a escalada de mortes e a propagação do vírus, o Governo chinês emitiu esta manhã um protocolo para o tratamento dos cadáveres das vítimas mortais provocadas pelo coronavírus, como parte do esforço para controlar o surto de pneumonia. A medida impossibilita os familiares de decidir o local onde as vítimas são enterradas e a realização de cerimónias fúnebres.
Os restos mortais dos infetados deverão ser cremados numa funerária designada e perto do local onde estão, pelo que não poderão ser transportados entre diferentes regiões, lê-se no protocolo emitido conjuntamente entre a Comissão Nacional de Saúde, o Ministério dos Assuntos Civis e o Ministro da Segurança Pública. As cerimónias fúnebres ou de despedida estão proibidas e os corpos deverão ser desinfetados e colocados numa bolsa selada por pessoal médico. As funerárias, por sua vez, devem enviar pessoal e veículos especiais para entregar os corpos de acordo com os procedimentos designados.
Macau desenvolve teste de diagnóstico rápido do coronavírus
Para ajudar a combater o surto, a Universidade de Macau (UM) tem estado a trabalhar num kit de teste rápido que permite detetar o vírus. "A fim de acelerar a deteção de novos coronavírus" a UM ""intensificou o desenvolvimento de um sistema para ajudar a combater o surto epidémico", pode ler-se no comunicado divulgado pela instituição.
"Com a ajuda do 'Virus Hunter', um 'kit' de teste rápido desenvolvido com a tecnologia patenteada da UM, todo o processo de deteção de vírus pode ser concluído em 30 minutos", segundo a mesma nota. O 'kit' em causa é "desenvolvido pela Digifluidic Biotech Ltd [fundada por estudantes do doutoramento] e é suportado pela tecnologia patenteada da UM. Uma das vantagens é que "permite que o pessoal da linha de frente realize testes rápidos no local em pacientes com suspeita de coronavírus e, assim, ajuda a otimizar o processo de deteção".
Como o Expresso já havia noticiado, mais de 60 países ativaram já planos de contingência para travar o surto. Além dos que já eram conhecidos, também a Rússia anunciou ao final do dia de sábado a suspensão da emissão de vistos de trabalho e turismo para cidadãos chineses que queiram entrar no país. A decisão de Moscovo visa "assegurar a segurança do país, proteger a saúde pública e impedir a propagação do novo coronavírus", faz saber o Governo em comunicado.