Sociedade

Morreu Júlio Castro Caldas, advogado e ex-ministro da Defesa de Guterres

Deputado, ministro, bastonário: três papeis da vida de Júlio Castro Caldas, que faleceu esta noite

Morreu Júlio Castro Caldas, o antigo ministro da Defesa de António Guterres e que, por seis anos, foi também o bastonário da Ordem dos Advogados, confirmou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Aos 76 anos, o advogado morreu depois de semanas internado no Hospital da Cuf Infante Santos, segundo noticiou este sábado, 4 de janeiro, a TSF.

Marcelo Rebelo de Sousa lamenta a morte do antigo governante numa nota no site: “Ao lembrar a antiga amizade, o Presidente da República presta-lhe sentida homenagem”.

O bastonário eleito da Ordem dos Advogados, Menezes Leitão, considerou à rádio TSF que a classe profissional ficava mais pobre com este falecimento. A Ordem já colocou no seu site os seus lamentos, referindo que o advogado, nascido a 19 de novembro de 1943, ali se inscreveu a 11 de outubro de 1968.

Sócio fundador do escritório de advogados CLA (Castro Caldas, Correia Lopes e Mendes de Almeida), Castro Caldas foi bastonário da Ordem dos Advogados em dois mandatos, entre 1993 e 1999. Na advocacia, foi advogado do falecido empresário Pedro Queiroz Pereira e esteve à frente de clientes lesados na queda do BES. Foi também vogal do conselho superior do Ministério Público, de acordo com as informações no site do escritório de advogados.

Foi no seu escritório de advogados, que tinha com Jorge Sampaio e Vera Jardim, que trabalhou o agora primeiro-ministro, António Costa. Aliás, admitiu à Visão, aquando das primárias que opuseram Costa a António José Seguro, que apoiava o primeiro “em qualquer circunstância”. “ Foi meu estagiário, sou muito amigo dele, fizemos muito trabalho juntos no Governo”.

Foi deputado entre 1980 e 1983 (chegou a ser presidente da bancada parlamentar do PSD), tendo sido ministro da Defesa de um governo socialista, o segundo de António Guterres.

“Fundador da Sedes, deputado da Aliança Democrática entre 1980 e 1983 e um histórico do PSD, com grande atividade política logo entre 25 de abril e 25 novembro de 1974, aproximou-se mais tarde do PS, tendo sido Ministro da Defesa Nacional de António Guterres. Enquanto Bastonário da Ordem dos Advogados destacou-se também aí pela defesa da liberdade e da democracia”, indica Marcelo Rebelo de Sousa na sua nota.

Esteve ligado ao movimento cívico para a reconfiguração da banca, que pedia, em 2016, após as quedas do BES e do Banif, uma reorganização da banca que tivesse em conta os interesses nacionais. Mas na intervenção social teve outros papéis. Foi signatário de um grupo de académicos e empresas na defesa da floresta e contra o ataque ao eucalipto, que juntava nomes como Mira Amaral e Daniel Bessa.