A Direção-Geral de Saúde (DGS) avisou, num comunicado emitida nesta quinta-feira, que “não existem cigarros eletrónicos nem produtos de tabaco seguros, nomeadamente tabaco aquecido”, e recomenda, por isto, que “não devem ser consumidos”.
Na nota, a DGS afirma ainda que os cigarros eletrónicos com ou sem nicotina — que, a par do vaping, estão associados a 2290 casos de doença pulmonar nos EUA, com a morte de 47 pessoas, segundo números recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla original) — “nunca devem ser usados”, sendo identificados grupos de risco, como os jovens adultos e as mulheres grávidas.
É “particularmente desaconselhado”, tanto pela DGS como pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), o uso de cigarros eletrónicos contendo líquidos de canabidiol e outros derivados de canábis, acetato de vitamina E e diacetil.
As duas entidades alertam, também, os consumidores de cigarros eletrónicos para que não modifiquem ou adicionem “quaisquer substâncias aos líquidos para cigarro eletrónico legalmente comercializados e devidamente rotulados pelo fabricante, ou usem líquidos ou produtos comprados fora dos circuitos legais de comercialização, incluindo através da Internet”.
Além disso, “devem estar atentos e procurar um médico imediatamente se desenvolverem os seguintes sintomas: tosse, falta de ar, dor no peito, febre, calafrios, náuseas, vómitos, dor abdominal ou diarreia”, sintomas estes que “podem desenvolver-se ao longo de alguns dias, ou ao longo de várias semanas”.
Casos semelhantes aos dos EUA estão em investigação no Canadá, nas Filipinas e na Bélgica
De acordo com a DGS, casos semelhantes aos dos EUA estão em investigação no Canadá, nas Filipinas, na Bélgica e na Suécia, situação esta que “tem vindo a ser discutida a nível da Comissão Europeia, em termos de avaliação e gestão de risco e eventuais medidas a adotar”. E embora a investigação a estes casos “não esteja ainda concluída, acetato de vitamina E, o canabidiol e outros derivados de canábis e o diacetil parecem ser substâncias associadas a estas lesões pulmonares”, daí as recomendações.
Em setembro, quando começaram a surgir os primeiros casos de doença pulmonar nos EUA, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) desaconselhou o uso destes cigarros, sobretudo por parte de “grupos mais vulneráveis, como as crianças, adolescentes, adultos jovens, grávidas, idosos e doentes respiratórios crónicos”, mas a DGS afirmou apenas, ao Expresso, estar “acompanhar a situação”, prometendo um reforço “da articulação com outras entidades reguladoras e responsáveis pela inspeção do mercado”.