A emigração de médicos portugueses voltou a disparar. Como conta este sábado o Expresso, é preciso recuar até aos anos da crise para somar tantos médicos a caminho de sistemas de saúde estrangeiros. Até ao final do ano, os pedidos de certificados para exercer medicina fora do país deverão ficar perto de 400, pouco menos do que o recorde de 475 registado em 2015. As razões de quem sai são variadas, mas há uma comum a todos: a degradação das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O mapa abaixo mostra os principais destinos da emigração dos médicos portugueses, com o Reino Unido à cabeça. Por lá, o atual primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já prometeu contratar seis mil médicos em 2020 caso seja reeleito. Entre os candidatos vão estar muitos portugueses.
PRINCIPAIS DESTINOS DA EMIGRAÇÃO MÉDICA
Enquanto os médicos olham para fora, o Governo é acusado de ser míope. O SNS não é atrativo, os privados e os sistemas estrangeiros apertam o cerco e a Saúde portuguesa continua a ser tratada com ‘mezinhas’. “O Ministério da Saúde tem consciência do reconhecimento dos profissionais de saúde portugueses e tem procurado criar e reforçar as condições de atratividade, que passam por uma gestão mais flexível, global e integrada, e que levarão a que estes profissionais privilegiem a permanência no SNS. Estão a ser estudadas medidas concretas com vista a novos modelos de organização.” Modelos prometidos há anos. Nos últimos cinco, o cenário foi o que se vê abaixo.
PEDIDOS DE CERTIFICADOS PARA EMIGRAÇÃO
Outros números
381
médicos de saída do país é a estimativa mais positiva para este ano. O número não inclui os dados da região Norte, pelo que o valor nacional será muito superior
1300
euros líquidos é quanto recebe um especialista no primeiro ano de serviço no SNS. Em França, o valor varia entre €2000 e €5000, na Suíça é de €5500 a €6000 e no Reino Unido ascende a €43 mil anuais
13,5%
das necessidades assistenciais dos europeus em 2020 vão ficar por garantir. A Comissão Europeia afirma que vão estar em falta 230 mil clínicos
6
mil especialistas serão contratados para o sistema público de saúde (NHS) do Reino Unido durante o próximo ano. O reforço é uma promessa do atual primeiro-ministro em caso de reeleição e faz parte de um pacto global que prevê a entrada de 50 mil enfermeiros