Sociedade

Azeredo reage. “Acusação é eminentemente política, não tendo provas a sustentá-la”

Azeredo Lopes diz lamentar ter sido julgado na praça pública e lança suspeitas sobre as fugas de informação se terem intensificado durante a campanha eleitoral. Reafirma a sua inocência e garante não ter tido cometido qualquer crime

RODRIGO ANTUNES/ Lusa

O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes reagiu em comunicado à acusação de que é alvo do Ministério Público. “A acusação é eminentemente política, não tendo provas a sustentá-la”, refere. Para Azeredo, o Ministério Público confunde “de modo ostensivo” responsabilidade política com responsabilidade jurídica. “Sempre assumi a primeira; refuto, mais uma vez a segunda, de forma veemente e definitiva; e recordo que a avaliação política foi feita, justamente, pela Assembleia da República.”

Azeredo Lopes salienta que esta acusação era “expectável”. “Desde que o MP me ouviu como testemunha e poucos dias depois me constituiu arguido sem que, entretanto, tivessem ocorrido ou sido juntos aos autos quaisquer factos novos, num episódio de grave deslealdade processual que claramente fazia antever este desfecho.”

O ex-ministro diz lamentar “profundamente” que tenha sido ao longo dos últimos meses “profusamente julgado na praça pública, numa situação de absoluta desigualdade, através de fugas de informação cirúrgicas, não obstante o processo estar em segredo de justiça”. Isto sem que o Ministério Público ou a Procuradoria Geral da República tenham, “que se saiba, levantado qualquer inquérito, tornando banal e corriqueiro um facto que viola gravemente a lei e os direitos dos cidadãos”.

Acrescenta ainda que lamenta que, “de forma grosseira e óbvia”, essas fugas de informação “se tenham intensificado” desde o primeiro dia da campanha eleitoral em curso, “em claro atropelo e desrespeito às mais elementares regras da democracia e numa confusão lamentável de papéis de órgãos de soberania”.

Azeredo anuncia que solicitará a abertura de instrução, “não obstante ter consciência da minha condenação na praça pública, sem ter tido possibilidade de defesa”. E reitera que nunca foi informado, “por qualquer meio”, sobre o alegado encobrimento na recuperação das armas furtadas de Tancos. “Gostaria que ficasse claro que o então Ministro da Defesa não cometeu qualquer crime nem mentiu, tal como não o fez o cidadão José Alberto Azeredo Lopes”. Conclui o comunicado frisando que “não obstante esta acusação do Ministério Público”, confia na Justiça e está convicto, porque nada fez de “ilegal, incorreto ou sequer censurável, nem sequer politicamente”, que será “completamente ilibado” de quaisquer responsabilidades neste processo. “Chegou agora, finalmente, o tempo da minha defesa.”