Sociedade

Doença associada aos cigarros eletrónicos. Jovens são considerados grupo de risco nos EUA

Jovens em geral saudáveis e no fim da adolescência estão a aparecer nas unidades de saúde com falta de ar severa, vómitos, febre e fadiga. Não é claro porque adoecem, mas em comum têm o facto de serem utilizadores de dispositivos eletrónicos - que viraram moda entre os mais novos

Sean Gallup

Quando Adam Hergenreder chegou ao hospital, depois de estar há dois ou três dias sem conseguir parar de vomitar, os médicos não associaram logo os seus sintomas ao facto de ele fumar cigarros eletrónicos. Mas a medicação anti-náuseas não funcionou e após passar por vários médicos, um deles perguntou-lhe se usava, esses cigarros, incluindo para vaporizar Tetrahidrocanabinol (THC - o princípio ativo mais potente da cannabis).

Adam respondeu com honestidade, contou à CNN. Explicou que os usava regularmente há cerca de ano e meio, por “saberem bem”, nada iguais aos cigarros tradicionais, tendo começado por preferir os sabores alternativos, como manga. Explicou também que passara depois a consumir THC, geralmente comprado a um amigo ou a um ‘dealer’.

O exame que lhe realizaram ao estômago deixou ver algo de estranho na parte inferior dos pulmões. O médico quis perceber o que se passava e foi então que os resultados mostraram que, aos 18 anos, Adam tinha os pulmões tão afetados como pacientes com mais de 70. Teve de ser internado, melhorou, mas é ainda uma incógnita se vai recuperar a 100%.

O seu caso ilustra uma realidade que os Estados Unidos já definem como uma epidemia. Jovens em geral saudáveis e no fim da adolescência, que aparecem nas unidades de saúde com falta de ar severa, vómitos, febre e fadiga. O diagnóstico aponta para doenças graves, com risco de morte, mas cuja origem não é clara, resultando apenas evidente que estão ligadas ao uso dos dispositivos eletrónicos.

O problema não afeta apenas os mais novos, mas a popularidade crescente destes cigarros entre os jovens é motivo de especial preocupação.

Níveis altos de óleo de vitamina E

Decorrem várias investigações, parecendo existir um ponto de partida comum para análise: o facto de na generalidade das situações clínicas ser reportado o uso de cigarros eletrónicos com derivados de cannabis, como THC.

Da parte das autoridades de saúde de Nova York, foi avançado na passada semana que as análises conduzidas detetaram níveis muito altos de óleo de vitamina E em quase todos os produtos ‘vaping’ contendo cannabis. Pelo menos um produto para vaporização contendo este produto químico foi vinculado a cada pessoa que adoeceu e enviou uma amostra para ser testada.

Para se tornar inalável, a nicotina ou THC devem ser misturados com solventes, que dissolvem e libertam as substâncias. Os solventes ou óleos aquecem para se tornar vapor, mas podem sobrar algumas gotas quando o líquido arrefece. A sinalação dessa sobras podem causar problemas respiratórios e infeções nos pulmões, explicam os especialistas.

A verdade, reconhecem também, é que ainda se sabe pouco sobre as consequências a longo prazo resultantes do uso dos cigarros eletrónicos. Há muitas perguntas à espera de respostas.