Sociedade

A escola dos meninos de rua que André Gonçalves Pereira ajudou a fundar

Em Moçambique, a ONG portuguesa Apoiar gere uma escola para miúdos carenciados, sem família digna nem existência legal. O ex-ministro André Gonçalves Pereira esteve na sua génese. Reportagem originalmente publicada no Expresso/Revista Única, a 15 novembro de 2003
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Chove copiosamente há dois dias. Na cidade de Xai-Xai, na província de Gaza, uma das zonas mais atingidas pelas cheias de 2000, a água barrenta já tapa o alcatrão da estrada principal, transformando-a por ilusão em picada laranja, como as restantes artérias. De um lado e do outro, edifícios-fantasma contam a história das inundações que os submergiram. Lá estão os traços horizontais, pintados a lama, bem no alto, a provar que o rio chegou ali. Que por ali andaram barcos, gritaram pessoas, boiaram cadáveres. Os carros traçam riscos-ao-meio na água. A população caminha na berma, encarquilhada pela frente fria que adiou o Verão moçambicano. Corpo molhado, pé descalço, semblante fechado.

Os gémeos Nabi e Faisal Anuar Sadat engrossam diariamente a fila, quase indiana. Também eles tolhidos de frio, as mãozinhas em concha junto à boca para aquecer o corpo despido de pouca roupa. O caminho leva-os à Escolinha do André, na cidade alta, onde estão prestes a terminar a primeira classe. São ainda alguns quilómetros diários, feitos descalços, com os pés comidos pela matacanha que lhes enche a palma de larvas, que lhes come a carne até ao osso, que os faz cair de dor sempre que jogam futebol.

Podem ter apanhado a maleita em qualquer lado. Até no bairro onde moram, na baixa da cidade. Bairro B. Chamar-se-ia bairro de lata, mas tal nobre material nunca por ali se viu. É um aglomerado de palhotas de colmo, cana, caniço, de tabancas minúsculas, quadradas como se faz no Sul de Moçambique, térreas na disposição e no tipo de solo que lhe serve de chão. A chuva transformou os caminhos em rios de lama, arrastou lixos, formou charcos. Quase que é possível ver os vírus e bactérias aos pulos de contentamento com tais gratas condições de propagação.

Uma árvore enorme jaz junto à barraca dos gémeos, de porta escancarada apesar da intempérie. É a sua casa. Por direito. Por herança do pai, que os trocou por vida mais fácil no Maputo; da mãe que morreu há poucos meses com sida contraída na África do Sul; da irmã mais velha que foi atrás do pai e não mais voltou; da avó que morreu a seguir à mãe. Aos onze anos - o corpo franzino e baixote não indicia tal idade - ficaram a cargo de um tio, João Carlos de seu nome, guarda-nocturno alcoólico, que aufere 300 mil meticais por mês (?12). Na verdade, ficaram sozinhos.

Talvez por isso passem tanto tempo na Escolinha do André. Ali todos os miúdos têm histórias semelhantes à sua. O Flávio Cuna que esteve quatro anos na droga. A Ercília Novele, órfã, que vive com uma tia. O Domingos Sebastião, cuja mãe, deficiente física, pede esmola na rua. A Sónia Pinaire, abandonada pela mãe que foi trabalhar para a África do Sul. O Marcos Tivane que já perdeu pai e padrasto... A escola, criada em 1997 pela associação portuguesa Apoiar (Organização Não Governamental para o Desenvolvimento - ONGD) e dirigida por freiras dominicanas, acolhe meninos em risco, filhos de famílias desestruturadas, de mães-crianças, de mães-solteiras, filhos de pai desconhecido, de pai ausente. Ou simplesmente sem família. Só a sida já fez mais de 300 mil órfãos em Moçambique. Meninos que o destino largou nas ruas da cidade. E é aí que a irmã Isabel Langa os vai buscar.

“Dá mil, irmã”

A freira, moçambicana, conhece a baixa da cidade ao pormenor. Durante anos, calcorreou-a nas idas e vindas das aulas que leccionava na diocese. E todos os dias os via. Meninos e meninas de rua, cada vez mais, que faziam das ombreiras dos bazares indianos a sua residência. Prostrados de fome, HIV, malária e tristeza, dormiam debaixo dos reclames publicitários ao leite Nido que não bebiam, às canetas Bic que não sabiam usar, aos telemóveis «082» de que não precisavam porque não tinham a quem telefonar. Via crianças, de 12 e 13 anos, a transportar às costas outras crianças, seus filhos e do acaso, apáticas de subnutrição. Entre bancas de banana e amendoim, via-os a roubar, a serem presos, a desaparecerem para sempre. Nos caixotes do lixo, assistia a lutas entre meninos e cães, ambos de costelas à mostra, para conquistarem o último saco depositado. Alguns deambulavam, zonzos de tanto procurarem felicidade a cheirar cola de sapato.

Quando avistavam a dominicana, imediatamente denunciada pelo hábito branco no meio de tamanha negritude de pó e raça, conjuntavam os ossos e corriam para ela. «Dá mil, irmã. Dá mil». Em vez de meticais, a irmã dava-lhes um sorriso, agachava-se até ao seu tamanho e marcava encontro para mais tarde, debaixo do candeeiro de rua, para aprenderem as letras, escritas a pau na terra cor de tijolo.

Antes de 1997 esta era a sua ajuda, a possível, materializada numa escolinha sem tecto, mesas ou livros. A única que podiam frequentar aquelas crianças sem existência legal. Os mesmos pais que as abandonaram, por desinteresse ou morte, nunca as registaram. «Era vê-los a sorrir por conseguirem assinar o seu nome, que nem todos sabiam completo. Era a primeira vez que sentiam orgulho. No fundo, queria integrá-los na sociedade, queria que fossem iguais às outras crianças. Cheguei a estar rodeada de 65 alunos», conta a irmã com contentamento visível, enquanto arranja o lenço que lhe tapa a carapinha já branca de 50 anos. «Até que conheci um anjo chamado André».

André Gonçalves Pereira, 57 anos, ministro dos Negócios Estrangeiros no Governo de Francisco Pinto Balsemão, professor especialista em Direito Internacional, homem de vícios e vaidades terrenas. É pouco habitual ouvir falar dele em modos tão celestiais, mas a Irmã Isabel garante que o epíteto de querubim é merecido. «Eu costumo dizer que depois de ter conquistado o meu lugar na Terra, estou agora a trabalhar para a minha canonização», graceja o advogado, entre duas baforadas de charuto cubano que queima de manhã à noite.

Corria o ano de 1997 quando o advogado aterrou em Maputo para saber novas da sua mulher. Laura Gonçalves Pereira, engenheira de sistemas de profissão, voluntária de alma, africana de coração. Desde há dois anos que, juntamente com Teresa Schmidt, se dedicava à instalação em Moçambique de uma rede de centros de informática pré-universitários para ajudar os estudantes mais carenciados, projecto que esteve na génese da ONGD Apoiar. «Estávamos há um mês e meio no Xai-Xai a dar formação numa missão com 150 alunos internos, que passavam fome. Não havia electricidade, só gerador. As chamadas telefónicas caíam ao primeiro olá. Depois de algum tempo sem notícias, o André decidiu ir até lá ver o que se passava», recorda Teresa Schmidt.

Encontrou a dupla de voluntárias a ouvir os desabafos da Irmã Isabel, os sonhos de dar escolaridade a todos os meninos de rua, uma «arma de sobrevivência» como ela lhe chamou. André ouviu, deixou os olhos marejar um pouco, depois mais. No fim do relato já tinha doado às irmãs dominicanas o dinheiro suficiente para alugar uma sala de aula, de quatro paredes de tijolo, à prova dos temperamentos do clima e das picadas maláricas dos mosquitos. As crianças, agradecidas, baptizaram-na de Escolinha do André. André chorou outra vez.

Laura e Teresa não só ajudaram a irmã a procurar o espaço mais indicado - uma casa vazia pertencente à paróquia - como abraçaram o projecto em nome da Apoiar. A dez centros de informática, bibliotecas e ludotecas, espalhados por todo o território de Moçambique, juntava-se agora à ONGD uma escola de alfabetização.

As cheias de 2000

«Pedimos ajuda ao Programa Alimentar Mundial (PAM) para fornecer uma refeição às crianças. Demoraram dois anos. Para não as ver morrer de fome, ia pedir comida às lojas dos indianos», conta a Irmã Isabel. Em dois anos, passou-se de uma sala alugada a todo o edifício. Ensinou-se a ler e a escrever 70 crianças dos seis aos 17 anos e, com fundos do Instituto da Cooperação Portuguesa, iniciaram-se cursos de formação de batik (técnica de pintar tecidos), costura e cestaria. Ia arrancar a carpintaria tradicional, com patrocínio da Câmara Municipal de Cascais (tem geminação com o Xai-Xai), quando chegaram as cheias em 2000.

O rio Limpopo, que banha o Xai-Xai, subiu a níveis impossíveis, fruto das fortes chuvadas e das descargas das barragens sul-africanas. Mais de 70 mil hectares de terrenos agrícolas ficaram debaixo de água. Desapareceram bairros inteiros, famílias completas. As casas tornaram-se ilhas ou simplesmente edificações naufragadas. Nas estatísticas nacionais fica o registo de 44 mortos, 200 mil deslocados, 500 escolas destruídas, 200 pontes levadas na enxurrada. A Escolinha do André não escapou.

«Mal vi as notícias na televisão, telefonei para as irmãs, que há pouco tempo se tinham mudado para uma zona mais alta da cidade. Estavam com algumas crianças, deitadas, muito quietinhas para não despenderem energia. A água impedia o abastecimento de comida. Parti imediatamente para lá», recorda Laura, com o mesmo pormenor com que lembra o triste passeio de barco sobre o telhado da escola submersa.

Os 120 alunos da escola dispersaram-se pelos acampamentos de refugiados. Alguns desapareceram. «Pensei que tinha acabado tudo. Andei à procura deles, um a um. Conheço-os todos. Pela cara, pelo nome, pela triste história da família. E para surpresa minha descobri que também eles me procuravam. Chegavam com as pernas inchadas de andar tantos quilómetros», conta a Irmã Isabel, com os olhos a prender lágrimas. «Mas alguns acabaram por desistir. E eu tive que desistir deles, dar-me por derrotada. Esses eu não consegui salvar pela alfabetização».

O grau de destruição da escola não justificava a recuperação. Procurou-se nova sede e não foi preciso andar muito. Pouco antes das cheias, as freiras dominicanas tinham-se mudado para um velho colégio, um edifício enorme, rectilíneo, outrora pertença da Ordem. Expropriado pelo Estado aquando da independência, foi-lhes devolvido com quase trinta anos de abandono, muitas rachas e pouca tinta verde-hospital presa às paredes esfareladas pelo tempo. Os fundos angariados pela primeira-dama portuguesa, Maria José Ritta, para as vítimas das inundações foram fundamentais para a recuperação.

Um ano depois da tragédia, a escola reabria. Durante o tempo de obras, para que as crianças não perdessem hábitos escolares e alimentares, uma tenda de campanha serviu de sala de aula, com direito a quadro negro e tudo, salvo da velha escola num barquinho pouco capaz de aguentar tal peso e volume.

Escola em movimento

«Está gostando?», pergunta constantemente a Irmã Aparecida com um orgulho desmedido e um sorriso para além de todas as medidas, enquanto vai mostrando, em passadas largas, cada centímetro dos 400 metros quadrados da nova Escolinha. «Aqui é a sala dos grandes, aqui dos pequenos, aqui é a pré-escola, aqui a biblioteca, aqui os balneários...»

Aparecida é o novo reforço da instituição. É uma mulher possante, brasileira de nascença e de carácter. Veio de Angola, onde durante oito anos lidou com idêntico projecto. Eram anos de guerra, anos de fome extrema, mutilações diárias. Aqui tudo lhe parece menos cru.

As crianças estão em histeria colectiva, porém organizada. Só se ouvem, em cânticos altíssimos e a várias vozes, a enaltecer a Escolinha. Diz a Irmã que já ensaiam há semanas para a visita do «Papá André» e da «Mãe Laura». Mais tarde haverá teatrinho, dança, declamações. O dia é igualmente marcado pela estreia das fardas, que escondem a roupa incrivelmente rota e imunda que trazem de casa. Vestem não importa o quê, sem olhar a género ou tamanho. Camisas de homem que dispensam calça ou calção, um chinelo de cada tamanho como alternativa ao pé descalço... As irmãs vão-lhe dando roupas, enviadas pela Apoiar, mas a falta de higiene e acompanhamento familiar não prometem grande longevidade ao vestuário.

«Aqui é a Sala da Primeira Classe...» Lá estão os gémeos Anuar Sadat, com um ar entre o tímido e o contente. Laura Gonçalves Pereira já está abraçada ao pescoço deles. São os seus afilhados, as crianças que escolheu para apadrinhar os estudos e assim garantir que avançam até ao ingresso no ensino secundário. Com o crescimento da escola, o donativo de um patrono privado deixou de ser suficiente e criou-se um sistema de financiamento individualizado, em que cada doador paga os estudos de uma criança específica -? 125 anuais -, a quem conhece o rosto, a história de vida, de quem recebe cartas com desenhos infantis, letrinha encavalitada e pedidos de «sapato, borracha e lápis».

Sem olhar a afilhados, o «padrinho» e advogado Manuel Castelo Branco, ofereceu equipamentos de futebol do Sporting e Benfica a 22 alunos, os melhores jogadores. Os miúdos esbugalharam os olhos, guardaram até as etiquetas de cartão. Nos sacos ficaram as meias. A maioria não tem sapatos para acompanhar. A Irmã Aparecida - como brasileira que se preza, adora futebol - só teve pena de se terem esquecido dela: o árbitro. Lá vai ter que continuar a resolver as disputas em campo com as saias arregaçadas e o véu atado num nó, para não atrapalhar.

Actualmente, a escola tem aproximadamente 150 alunos, e lecciona da primeira à quarta classe. O Ministério da Educação destacou quatro professores, com salário pago, mas têm uma formação insuficiente. No quadro negro da primeira classe havia, por exemplo, um jarro desenhado a que faltava um «r». Como estímulo, a escola paga-lhes o subsídio de transporte, um suplemente salarial e dá-lhes alimentação. Também eles são carenciados.

«Este ano começou também uma classe de pré-escola, porque a maioria das crianças não sabe português, só fala changana, e atrasa o programa. Para o ano arrancamos com a quinta classe», explica a Irmã Aparecida, frisando que já há 10 alunos no ensino secundário, a estudar em escolas oficiais. O Flávio, de 18 anos, afilhado da Teresa, é um dos casos de sucesso. Depois de anos preso às drogas, estuda na 8ª classe e dá aulas aos alunos da Escolinha do André que revelam maiores dificuldades.

«Temos, no entanto, consciência de que prendemos aqui as crianças não com as aulas mas com a alimentação, a educação física, os trabalhos manuais, os vídeos...», explica Laura. Há três refeições diárias: pequeno-almoço, almoço e lanche, que eles comem com talheres em pratinhos de plástico. Alguns dos alimentos são plantados por eles, na «machamba» da escola. Também faz parte da sua educação. De acordo com o Programa Alimentar Mundial, no mundo inteiro, 170 milhões de crianças não recebem alimentação na escola.

A Escolinha do André é um mundo à parte. Mas é, também, o mundo moçambicano em toda a sua dureza, doença, miséria. A quase totalidade das crianças não existe legalmente. São as freiras que as registam, às vezes como suas filhas, mesmo que a idade avançada das irmãs - para já não falar no voto de castidade - negue imediatamente a veracidade de tal afirmação.

“Inventam os nomes dos pais”

«Muitos inventam os nomes dos pais, mesmo quando sabem perfeitamente quem são. Sentem-se ofendidos, revoltados com o abandono. Aproveitam para cortar o vínculo», conta a Irmã Isabel. Anualmente, nascem no país cerca de 765 mil bebés, mas os assentos legais não chegam aos 250 mil. Sem documentos que lhes indiquem a idade - muitos nem sequer sabem quando nasceram -, são contratados como mão-de-obra infantil sem que alguém possa ser penalizado por isso. São traficadas e ninguém comprova o seu desaparecimento.

A sida também passa por ali. Estima-se que 15,4% da população adulta moçambicana esteja infectada, o que equivale a quase 1,2 milhões de pessoas. Muitos dos alunos são órfãos da doença. Muitos cuidaram dos pais até à morte. Os gémeos Nabi e Faisal viram a mãe morrer e na falta de dinheiro para o funeral ficaram durante dias com o corpo em casa. «Há fortes suspeitas de que algumas das nossas crianças estejam também infectadas. Brevemente vão fazer testes, mas não lhes vamos dizer nada. O mais provável era serem abandonadas pela pouca família que lhes resta», desabafa a Irmã Aparecida.

Essas mesmas famílias são, muitas vezes, responsáveis pelo abandono escolar, pela fraca assiduidade. Quando precisam de alguém que vá buscar água, apanhar lenha ou simplesmente cozinhar, vão buscá-los à escola. «Esses são os casos mais difíceis. Está-se a ajudar as crianças e vem a família e tiram-nas daqui para usá-las como força de trabalho. A maioria não volta», lembra Isabel. É nestas situações que se fala da possibilidade de internato na Escolinha, mesmo que os princípios que a norteia incluam a importância da normal integração na sociedade.

E depois há a malária, as insuficiências vitamínicas que lhes enchem o corpo de feridas, as perturbações mentais que pedem um apoio especializado que não há, a falta de higiene que os faz ter medo da casa de banho e da própria água, os roubos ocasionais que os levam à prisão, as fugas para Maputo para viverem da esmola dos turistas... E há a gravidez precoce, infantil, encarada já com normalidade, tal é a frequência. A Nela Amélia Mula, de 15 anos, foi a última mãe-criança, no passado dia 17 de Outubro. Estava na quarta classe, com média de 17. Agora só vai à Escolinha à tarde. Ganhou estatuto de crescida, apesar de não o ser, e passou a frequentar as aulas de alfabetização dos adultos. Lá estão também a Ivone, a Joana, a Lucrécia...

Em Portugal, longe do seu terreno humanitário, Laura, Teresa e Maria de Lurdes Arnoso - a responsável pelo apadrinhamento -, dedicam-se à angariação de fundos. À margem, mantêm um projecto antigo de ajuda às escolas e alunos carenciados do Concelho de Cascais. «Levamos para lá computadores, damos aulas de informática e reciclamos PC para oferecer aos alunos que demonstram ter capacidades mas que não podem comprar um. Ainda outro dia fui instalar um computador a casa de uma miúda que tem cancro. Tem pouco tempo de vida e agarra-se àquilo como se fosse a melhor esperança da vida dela», conta Teresa. «Mas são tudo pequenos projectos. Todas nós trabalhamos».

Angola pode ser o próximo passo. Numa visita recente ao país, visitaram uma escola para deficientes mentais, surdos-mudos e mutilados, que alberga quase duas mil crianças. Pediram um centro de informática, iguais aos que o trio feminino instalou em Moçambique. «A montagem é fácil. Mas é preciso fundos para adquirir os computadores, as impressoras... o problema do costume», desabafa Laura Gonçalves Pereira.

As últimas notícias que chegam de Moçambique dão conta dos estragos que a chuva provocou na escola. Há infiltrações no telhado que é preciso remendar antes da próxima intempérie. Parou entretanto de chover. «Está um calor abrasador», conta a Irmã Aparecida no seu último «e-mail». Ainda bem. Já ficou provado que a Escolinha do André não sabe nadar.