O único reator nuclear em Portugal, que foi utilizado durante mais de 50 anos para investigação científica, começou a ser desmantelado em segredo há seis meses, revela o “Público” esta segunda-feira. A operação ocorreu com máximo sigilo e em colaboração com os Estados Unidos.
O urânio e outros produtos reativos do reator foram levados, durante uma madrugada de março, do Campus Tecnológico e Nuclear, na Bobadela, para um navio no Ponto de Apoio Naval de Tróia. Daí, os cerca de 100 quilos de material radioativo foram transportados para os EUA num navio fretado com esse propósito.
O reator nuclear da Universidade de Lisboa estava parado desde 11 de maio de 2016.
O Estado português havia acordado, em 2007, deixar de operar o reator a 12 de maio de 2016. Em troca disso, os EUA haviam fornecido o urânio para o núcleo do reator. Após a data assente, Portugal teria três anos para fazer chegar aos EUA o combustível nuclear utilizado. E foi isso que aconteceu.
Caso Portugal não tivesse cumprido os prazos, teria de encontrar por conta própria uma solução para os resíduos radioativos.
Somado a isto, no final de fevereiro de 2016, o reator tinha sido inspecionado por peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que detetaram várias falhas técnicas e recomendaram melhorias – a principal das quais dizia respeito a uma fuga de água na piscina onde estava mergulhado o núcleo do reator nuclear.