Sociedade

Afinal quem são os mais viciados nos ecrãs? Os jovens ou os pais?

Os mais novos garantem que não estão viciados. Os adultos dizem que estão. Ambos admitem dormir com o telemóvel ao lado, boa parte deles acorda durante a noite com notificações e admite que as vê

Artur Debat/ Getty Images

Está a dormir.

Plim. O ecrã do telemóvel ilumina-se.

Acordou.

Não é o som deu uma mensagem, é apenas uma notificação.

E agora, o que faz?

Ver ou não ver?

Talvez o cenário que acabamos de descrever já lhe aconteceu. E se se reviu, então faz parte dos 26% de adultos - se for um adolescente, então dos 36% - que acorda pelo menos uma vez durante a noite ao som de uma notificação no telemóvel. A conclusão é do relatório “O Novo normal: pais, jovens, ecrãs e dormir nos EUA”, publicado pela Common Sense Media, uma organização sem fins lucrativos norte-americana.

E entre os que acordam, quais as razões? Uma vez mais temos que agrupar os resultados por faixas etárias: os adultos despertam porque receberam uma notificação e já não conseguem dormir (51%); o mesmo acontece com os adolescentes (54%), no entanto, os mais novos admitem que acordam também para ver as redes sociais (51%).

Para este estudo foram inquiridas mil pessoas nos Estados Unidos: 500 pais com mais de 30 anos e 500 jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Os questionários foram feitos nos primeiros meses de 2019 e comparados com um estudo publicado em 2016: “Vício da tecnologia; preocupações, controvérsia e procurar o equilíbrio”.

Outras das conclusões foi que um terço dos jovens deixam o telemóvel junto à cama ao longo da noite. No entanto, mais de metade dos adultos (62%) também o fazem. “Ainda que em taxas menores que os pais, muitas crianças admitem ter o dispositivo próximo da cama (39%), mas é duas vezes mais provável que um jovem durma com o telemóvel na cama (29%). Elas tendem a dormir mais com o telemóvel do que eles (33% versus 29%)”, pode ler-se no estudo.

E apesar dos médicos aconselharem a que não se olhe para ecrãs na hora anterior a ir para a cama, tanto os pais como os jovens o fazem (61% entre os adultos, 70% entre os adolescentes).

Comparando os resultados agora obtidos e o relatório de 2016, há uma mudança bem clara: aumentou o número de adultos que considera passar muito tempo no telemóvel (de 39% para 52%), enquanto entre os jovens diminuiu (de 61% para 29%), assim como entre os mais velhos também cresceu o número de pessoas que se “sente viciada no telemóvel” (de 39% para 45%) e nos mais novos reduziu (de 50% para 27%).

Estão realmente os jovens a diminuir o uso do telemóvel ou tornou-se de tal forma normal, que o que se mudou foi a perceção do que é estar muito tempo agarrados ao ecrã?