A presença de uma mulher de aparência oriental e com identidade japonesa na sala de audiências onde esta segunda-feira decorreu a primeira sessão do julgamento do marroquino Abdesselam Tazi causou estranheza no tribunal.
A mulher, a única pessoa a ocupar as cadeiras destinadas ao público, tirou apontamentos durante a sessão, mas aos responsáveis pela segurança terá referido que não falava português ou francês. E todo o julgamento foi falado nas duas primeiras línguas, com recurso a uma tradutora de francês-português para auxiliar o único arguido do caso.
Ao Expresso, Lopes Guerreiro, advogado de Tazi, garante que a defesa, assim como o tribunal, estranhou a presença da referida mulher sobretudo porque não percebe estas duas línguas. “Foi por isso que se alertou o tribunal no sentido de se averiguar a sua real identidade. O que o juiz presidente mandou averiguar”, assegura.
Para entrar nas instalações do Tribunal Central Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, a mulher terá apresentado uma notificação oficial bem como um cartão da diplomacia japonesa em Lisboa. Não se sabe se são verdadeiros. Mas verificou-se que não era portadora de objetos considerados suspeitos durante a revista.
O Expresso sabe que o tribunal estará a avaliar a credibilidade dos documentos apresentados pela mulher e os motivos que a levaram a assistir a um caso que aparentemente não tem qualquer relação com o Japão ou com cidadãos nipónicos. Isto porque o arguido de 65 anos, julgado por suspeitas de recrutar jovens para o autodenominado Estado Islâmico (Daesh) entre 2013 e 2015, é de nacionalidade marroquina e viajou apenas para países da Europa e da América do Sul. As alegadas vítimas e familiares são também de origem marroquina.
Não está colocada de parte a hipótese de a mulher pertencer a serviços de informações estrangeiros.