"Dada a gravidade das declarações prestadas" pelo juiz Carlos Alexandre, o Conselho Superior da Magistratura (CSM) anunciou esta quarta-feira que vai abrir um inquérito "para cabal esclarecimento de todas as questões suscitadas pelo juiz de instrução criminal" que, numa entrevista à RTP, coloca em causa o processo de escolha do juiz para a fase de instrução do processo da Operação Marquês.
O CSM deverá fazer uma espécie de auditoria ao sistema com o objetivo de apurar toda a sua fiabilidade, bem como um inquérito disciplinar para averiguar se Carlos Alexandre violou o dever de reserva que se impõe a um magistrado. No excerto da entrevista já divulgado pela RTP, Carlos Alexandre diz que "a aleatoriedade [da escolha do juiz] pode ser maior ou menor conforme o número de processos que exista entre mais do que um juiz".
Questionado pelo jornalista da RTP, Carlos Alexandre diz que a situação se pode "alterar significativamente" em poucos dias, bastando para isso serem atribuídos mais processos a um dos juízes. "A probabilidade é a de se inverter a possibilidade", conclui.
"Dada a gravidade das declarações prestadas foi determinado, por despacho hoje proferido pelo vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, Conselheiro Mário Belo Morgado, a abertura de inquérito, para cabal esclarecimento de todas as questões suscitadas pela entrevista em causa que sejam suscetíveis de relevar no âmbito das competências do CSM", lê-se no comunicado do Conselho Superior da Magistratura
Carlos Alexandre afirma ainda estar em desacordo quanto ao facto de apenas ter sido feita a transferência de uma parte dos volumes do processo, algo que, segundo afirma, "nunca aconteceu" no Tribunal Central de Instrução Criminal "nos últimos 20 anos".