Ao todo, ardeu 86% do Pinhal de Leiria, adiantou ao Expresso o presidente de Câmara da Marinha Grande, Paulo Vicente. O perigo de derrocada de árvores levou as autoridades a decidiram fechar as estradas secundárias florestais que se situam no miolo da mata para se derrubarem os pinheiros e outras árvores em risco de cair.
“É preciso garantir a segurança da circulação rodoviária”, explica o autarca ao Expresso. A partir de hoje, 18 de outubro, e durante os próximos dias, as vias secundárias que cruzam toda a floresta vão começar a ser interditadas ao público, acrescenta Cidália Ferreira, que em breve tomará posse como nova presidente da autarquia eleita pelo PS.
A medida foi decidida depois de nós últimos dias centenas de pessoas terem visitado o Pinhal de Leiria para verem de perto os estragos feito pelo incêndio. A quantidade de adultos e crianças a circular e o estado de destruição em que ficaram milhões de pinheiros levaram as autoridades a tomar medidas de segurança: as vias secundárias serão interditadas para se ir avaliando a situação.
Quanta às três estradas principais - a que liga Marinha Grande a Vieira de Leiria; a que une Marinha Grande a São Pedro de Moel e a que vai de São Pedro de Moel para a Praia de Vieira - continuam abertas, mas serão alvo de fiscalização imediata para ver que árvores têm de ser removidas. E serão a prioridades. “As secundárias não são essenciais para a circulação e pode-se ir vendo com mais tempo”, refere Cidália Ferreira.
Na manhã desta quarta-feira, os responsáveis da autarquia reuniram-se na Marinha Grande com o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas dos Santos e o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, para avaliar a situação. Tendo em conta a dimensão do problema, traçou-se um plano para avaliar os perigos de derrocadas, com prioridade nas vias principais. As bermas destas três estradas estão repletas de pinheiros ardidos, e ainda há fumo a sair de muitas raízes caídas no chão. “Ardeu tudo. As raízes ainda estão a arder e parecem autênticos formos”, confirma Cidália Ferreira.
Pela avaliação feita pelo ainda presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, dos 11 mil hectares do Pinhal, mais de 9.400 foram destruídos. Trata-se, diz Paulo Vicente, de 54% do território da Marinha Grande. O incêndio que atingiu esta mata emblemática começou, segundo as autoridades, em Burrinhosa, Alcobaça, tendo sido alastrado pelo vento para norte, até à Figueira da Foz. Pelo meio atingiu o pinhal que o rei D. Dinis encheu de pinheiros bravos no século XIII.
Além da avaliação dos riscos da queda de troncos, as autoridades garantem que querem definir um plano de reflorestação e fazer uma análise ao impacto ambiental da tragédia.“O grave problema ambiental é termos ficado na região sem este pulmão que era o Pinhal de Leiria” argumenta o autarca.
As contas da tragédia não estão ainda feitas, mas milhões de pinheiros foram queimados. O fogo atingiu ainda 10 casas de habitação ficando algumas totalmente destruídas. A grande maioria das habitações situavam-se na freguesia de Vieira. Uma delas, porém, ficava no lugar do Pilado e era uma casa onde vivia a família de um antigo guarda florestal. Ardeu também uma fábrica de cartonagem, na zona industrial. “Ficámos sem dois terços do concelho da Marinha Grande”, sublinha a presidente eleita, acrescentado. “Fomos reduzido a um terço. E isso é um prejuízo de um valor incalculável.” O ministro da Agricultura, por seu lado, já admitiu que a gestão do Pinhal podia não ser a mais adequada e adiantou que o governo se prepara para em breve mudar a forma de gerir o que resta do mais emblemático Pinhal do país.