Grande parte do dinheiro que está sob suspeita na Operação Marquês foi depositado na Suíça, em contas da UBS. Uma dessas contas foi registada em nome de uma sociedade offshore, a Belino Foundation, e previa que, se Carlos Santos Silva morresse, 80% do saldo seria entregue a José Paulo Pinto de Sousa, primo de José Sócrates.
A revelação está nas páginas da revista Sábado e consta no relatório do Ministério Público com que José Sócrates foi confrontado no último interrogatório, há três semanas.
O Ministério Público acredita que tanto Carlos Santos Silva como José Paulo Pinto de Sousa eram na verdade testas-de-ferro de José Sócrates. No relatório, é indicado que José Paulo também realizava pagamentos avultados em dinheiro vivo, dando como exemplo o pagamento de uma estadia no hotel de luxo Sheratin Pine Cliffs, no Algarve: José Paulo pagou em notas a conta de mais de 21 mil euros.
O interrogatório, o terceiro a José Sócrates na investigação da Operação Marquês, foi realizado a 13 de março. São ao todo 103 páginas com indícios de crimes, que foram apresentados pelos procuradores Rosário Teixeira, Filipe Preces e Filipe Costa, bem como pelo inspetor das Finanças Paulo Silva. O antigo primeiro-ministro é apontado pela investigação como cérebro de uma estratégia para ocultar alegados recebimentos corruptos de três fontes: do Grupo Lena, do Grupo Espírito Santo e de Vale do Lobo.
Se Santos Silva morresse, dinheiro iria para primo de Sócrates
Contas bancárias previam que, se Carlos Santos Silva morresse, 80% do dinheiro seria entregue a José Paulo Pinto de Sousa, primo do ex-primeiro-ministro