São 12 milhões de euros que foram transferidos por ordem de Ricardo Salgado para uma conta que era gerida por Carlos Santos Silva. O Ministério Público acredita que este dinheiro se destinava a Sócrates e que o ex-lider do Banco Espírito Santo usou Helder Bataglia para o fazer chegar ao então primeiro ministro.
Segundo apurou o Expresso este é o motivo pelo qual Ricardo Salgado está ser ouvido, esta quarta-feira no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). A Procuradoria Geral da República já fez saber que o ex-líder do BES foi constituído arguido e é suspeito da prática de "factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada".
Em abril de 2016, no âmbito da investigação dos Panama Papers, o Expresso tinha denunciado que esta era a explicação que faltava na 'Operação Marquês'. Na altura o Departamento Central de Investigação e Ação Penal estava a tentar recolher provas para avançar com uma eventual acusação. A explicação da razão pela qual Helder Bataglia tinha canalizado 12 milhões de euros, entre 2008 e 2009, para Joaquim Barroca, dono do grupo Lena, através de contas suas na Suíça tituladas por dois offshores, a Markwell e Monkway, era fundamental. Contas essas que Joaquim Barroca admitiu terem sido usadas por Carlos Santos Silva.
Na altura, quando confrontado, Bataglia disse ao Expresso e a TVI que "as transferências foram feitas a partir da Espírito Santo Enterprises",sem querer dar mais explicações. O offshore Espírito Santo Enterprises é um alegado saco azul do Grupo Espírito Santo por onde terão passado 300 milhões de euros de pagamentos a destinatários não identificados e que, de acordo com os "Panama Papers", foi criado em 1993 nas Ilhas Virgens Britânicas, tendo como presidente Ricardo Salgado e vice-presidente José Manuel Espírito Santo.