Sociedade

Quinta do Conde. Vizinhos e amigos das vítimas do tiroteio estão chocados

As desavenças entre os dois vizinhos por causa de um cão já eram conhecidas, mas nunca pensaram que passasse de uma ameaça. Os vizinhos e amigos das vítimas dizem estar chocados

GNR na rua onde ocorreu o tiroteio, na Quinta do Conde, em Sesimbra
MIGUEL A. LOPES/LUSA

Vizinhos e amigos das vítimas do tiroteio ocorrido este sábado na Quinta do Conde, Sesimbra, na sequência do qual morreram três pessoas, estão chocados com o sucedido, mas admitiram que o autor dos disparos já tinha ameaçado fazê-lo.

O tiroteio que aconteceu hoje na Quinta do Conde provocou três mortos, um deles um GNR que integrava as primeiras patrulhas que chegaram ao local.

O alegado homicida, "um português de 77 anos", que se encontrava no interior de uma residência, foi "detido pela GNR" e transportado para o Hospital de S. Bernardo, em Setúbal.

Ao início da noite, cerca de uma centena de pessoas estava concentrada junto ao local onde ocorreu o tiroteio, entre vizinhos, amigos e transeuntes, que olhavam curiosos para o cordão policial que impedia o acesso à rua.

Em declarações à agência Lusa, alguns vizinhos de uma das vítimas e do alegado autor dos disparos manifestaram-se chocados com o crime, mas revelaram a existência de algumas desavenças entre ambos.

"Aquilo que sabemos é que o senhor Rogério [autor dos disparos] já tinha ameaçado o vizinho de que o matava a ele e à família se o cão não deixasse de fazer barulho, mas nunca nos passou pela cabeça que o fizesse mesmo", referiu uma vizinha, que não se quis identificar.

Outra vizinha, que testemunhou todo o incidente, afirmou que ainda tinha o som dos tiros a ecoar-lhe na cabeça.
"Ouvi os tiros e vi duas pessoas no chão. Vim ajudar e depois vi o senhor Rogério a disparar na nuca do agente da GNR. A morte passou à minha frente", contou Odília Silva.

Por seu turno, um dos amigos do alegado autor dos disparos, disse à Lusa estar "totalmente surpreendido" com a atitude do amigo, que sempre mostrou uma postura "calma e amigável".
"Nunca me passou pela cabeça que o Rogério fizesse uma coisa destas. Ainda não consigo acreditar", disse o homem, que não se quis identificar.

A GNR foi alertada para o tiroteio, numa rua na Quinta do Conde, por volta das 17h, tendo mobilizado várias patrulhas para o local.

Quando chegaram, segundo o tenente-coronel Jorge Goulão, do Comando Territorial de Setúbal, os militares encontraram "um indivíduo já cadáver e outro ferido", ambos "baleados com tiros de caçadeira".

Essa vítima mortal é um elemento da PSP, fora de serviço, que ouviu tiros e foi abatido quando se dirigiu ao local, revelou à Lusa o presidente do Sindicato Nacional de Polícia (SINAPOL), Armando Ferreira.

Quando os militares da GNR tentavam socorrer o ferido, o jovem de 23 anos, sem que o alegado autor do tiroteio fosse visível na zona, um tiro de caçadeira disparado do interior de uma residência "baleou mortalmente" um GNR, de 25 anos, do Comando Territorial de Setúbal.

O jovem de 23 anos viria a falecer posteriormente no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, para onde tinha sido transportado em estado grave.