1944-2025 Fundador dos Supertramp, uma das bandas mais bem-sucedidas dos anos 70, Rick Davies, vocalista e teclista do grupo inglês, partilhava com Roger Hodgson, senhor de voz aguda em canções mais adocicadas (porventura mais famosas), os créditos de composição dos fazedores de êxitos que a intelligentsia adorava odiar e o grande público abraçava com fervor. Elemento transversal a um percurso que só terminaria em 2015, aos primeiros sintomas do mieloma múltiplo que o vitimaria, Rick Davies trouxe jazz e blues para o cozinhado e criou canções como ‘Bloody Well Right’, ‘Goodbye Stranger’ e ‘School’ (aqui numa íntima colaboração com Hodgson, que sairia da banda em 1983). O auge comercial é “Breakfast in America”, disco que em 1979 traz os Supertramp a Portugal para dois concertos em Cascais nos quais, escreveria Manuel Beça Múrias no semanário “Sete”, o público foi “transportado para o interior de uma catedral onde, em vez de incenso, paira o odor adocicado da erva” — num registo menos espirituoso, António Macedo apontaria a Davies o estatuto de “líder” e “maestro”. O músico, nascido em Swindon há 81 anos, era casado com Sue, manager dos Supertramp, companheira de mais de cinco décadas. Luís Guerra