1948-2024 Em 1995, José Mauro recebeu uma chamada intrigante: ligando de Londres, um amigo deu-lhe a notícia da sua morte. Cantor, compositor e guitarrista nascido no Rio de Janeiro, Mauro não estava, naturalmente, morto, apenas afastado da música desde os anos 70, época em que editara dois álbuns: “Obnoxius”, em 1970, e “Viagem das Horas”, em 1976. Foi numa reedição em CD do primeiro disco que o seu amigo encontrou a informação sobre a morte do artista, que teria, segundo o booklet, falecido num acidente de moto pouco após a edição do trabalho. A confusão aconteceu quando o dono da Far Out Recordings, responsável pela reedição, contactou a editora brasileira que inicialmente o lançara e diz bem da reclusão a que Mauro se remetera. Aluno de Baden Powell, o carioca viu a sua música ser redescoberta nos anos 90 por vários DJ britânicos e, mais tarde, por produtores como Madlib e Floating Points. Segundo o “Pitchfork”, a Far Out contactou-o em 2016 para promover uma nova e melhorada reedição. Mauro, que sofria de doença de Parkinson, explicou que o seu corpo o afastara da música: “Se tivesse força para continuar a compor, tê-lo-ia feito, sempre guiado pela beleza.” Lia Pereira