1932-2024 Tinha 37 anos quando Marcello Caetano o designou para a pasta dos Negócios Estrangeiros, de que seria o último ministro da ditadura. Desdobrou-se em contactos internacionais e, em dezembro de 1973, encontrou-se com Henry Kissinger, aproveitando a localização da Base da Lajes — na ilha Terceira —, quando Portugal era um país internacionalmente isolado pela Guerra Colonial, que autorizara o trânsito de aviões com armamento americano para Israel durante a Guerra do Yom Kippur. No dia 25 de abril de 1974 foi um dos poucos ministros que se juntou a Caetano no Quartel do Carmo e, 25 anos depois da revolução, manteve-se fiel à memória do cargo que desempenhara, afirmando num dos colóquios do ciclo “Tempos de Transição” que o 25 de Abril e a descolonização foram a “autoderrota de uma nação. Tínhamos a razão, o consenso, o direito e a equidade [...] o problema essencial não era de política externa, mas de ordem interna”. Neto do poeta António Patrício, que foi embaixador, e filho de um diplomata aposentado, Rui Manuel de Medeiros d’Espinay Patrício, cresceu e viveu com uma sólida rede de contactos internacionais, que lhe permitiram recomeçar a vida profissional fora de Portugal quando a revolução o deixou sem salário, obrigando-o a viver uns meses com a ajuda do pai. O golpe falhado do 28 de setembro surpreendeu-o em Paris e o pai telefonou-lhe a avisar que seria preferível não regressar. É nessa altura que um brasileiro que conhecera em Lisboa se ofereceu para entregar um currículo seu ao empresário brasileiro Joaquim Monteiro de Carvalho, do grupo Monteiro Aranha, onde trabalhou com Alberto Xavier, o seu grande amigo português no Rio de Janeiro. Casou-se duas vezes, teve cinco filhos (um dos quais faleceu antes dele) e viveu as últimas décadas no Rio de Janeiro, com muitas vindas a França, país da sua segunda mulher, e a Lisboa. A filha, Inês, também não quis regressar a Portugal e ‘obrigou’ o pai a ver passar pela casa vários futuros militantes do Partido dos Trabalhadores, de Lula da Silva, que apoia há muito. No final da vida criou uma relação “extraordinária” (palavras da filha) com o enfermeiro que lhe prestava assistência. Dia 4, de causas da idade. M.G.S.