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Editorial

Contra todos e contrassenso

A decisão de Luís Montenegro foi súbita e pouco realista. Restam escassas soluções para desbloquear os miniciclos

“Nada, mesmo nada, nos vai desviar deste rumo”, dizia apenas há duas semanas Luís Montenegro no encerramento do debate sobre a moção de censura apresentada, então, pelo Chega. O primeiro-ministro mostrava-se firme, lembrava a turbulência de um “mundo novo”, os desafios do país e a exigência de “um Governo firme que revele estabilidade”. Nesse momento, aliás, o chefe do Executivo tinha sugerido às empresas com que tinha trabalhado que viessem a público. Não havia, garantia Montenegro, nada a esconder. Há uma semana, porém, o Expresso contou que uma dessas empresas tinha aceite o desafio: a Solverde assumia estar ainda a pagar à Spinumviva €4500 por mês. De forma súbita, o primeiro-ministro chamou o Conselho de Ministros e ameaçou com uma moção de confiança — que sabia ser impossível de aprovar. O que se seguiu foi apenas o cumprimento de um guião preparado.