Luís Montenegro tinha sido líder parlamentar do PSD e é verdade que todos conheciam a sua ambição de ascender à liderança do partido. Mas tinha, como é evidente, toda a legitimidade para fazer a sua vida e preparar a dos seus filhos. Foi advogado, representou empresas, abriu uma empresa e fez pareceres vários, ao que sabemos. Num momento, quando foi eleito líder do PSD, passou a empresa para a sua mulher e filhos. Se o fez foi porque percebeu que alguma coisa tinha mudado. Agora, como primeiro-ministro, optou por não encerrar a empresa, o que também é legítimo. O que nos diz Montenegro é que se autoinibe de decidir, no Governo, sobre matérias que beneficiem essas empresas. Sabemos de um caso, o da Solverde, acionista de casinos, que admite usar ainda os préstimos da dita empresa. Mas não sabemos os outros. Podemos fazer fé na palavra do primeiro-ministro, mas nem ele, nem os outros clientes vieram a público confirmar que têm relação com a empresa da família. Se não sabemos, não poderemos confirmar. Uma pergunta para Montenegro: a quem beneficia a dúvida?
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Porquê? Por isto
A ausência de respostas do chefe do Governo cria dúvidas que só beneficiam os que se alimentam das sombras