Como diz, e muito bem, Miguel Sousa Tavares na sua habitual crónica do Expresso, passou uma semana sobre a eleição de uma pessoa “infrequentável” do ponto de vista político e humano, para o cargo de Presidente dos Estados Unidos da América. Um indivíduo ligado até ao tutano à invasão do Capitólio em janeiro de 2021; um indivíduo que, já comprovadamente, tentou subverter o voto popular, no estado da Georgia, nas eleições de 2020; um indivíduo a braços com inúmeras acusações na Justiça e com várias pendências nos tribunais americanos; um indivíduo que desrespeita os direitos das mulheres e das minorias étnicas e um indivíduo que é um “alarve”, um “inculto arrogante”, um “mentiroso compulsivo” parecendo ter reunido em si tudo o que de mais negativo e asqueroso pode ter uma personalidade humana. Não obstante este CV, a personagem ganhou, em toda a linha, a preferência dos eleitores americanos e, respaldado no facto de ter todos os poderes submissos à sua boçalidade, prepara-se para, a partir de janeiro de 2025, pôr em prática o plano demoníaco de vingança, que foi a única razão que o manteve vivo nestes últimos quatro anos. O povo americano escolheu e... está escolhido. O povo foi soberano e optou. O problema é que, para o bem e para o mal, os destinos do mundo e em particular deste “preguiçoso”, “desleixado”, “imprevidente”, “submisso” e “dependente” continente europeu muito venham a sofrer com as diatribes impulsivas deste mais do que impreparado 47º Presidente americano. Diria o saudoso Vitorino Nemésio, em tom já nada profético, que vai haver muito mau tempo em todos os canais. Vamos a ver se conseguimos sobreviver a tamanha “borrasca”.