Exclusivo

Cartas

Foi em vão a última Guerra Mundial?

Muitas pessoas acham que a última Guerra Mundial foi há séculos, num lugar longínquo. Convém lembrar que foi há 80 anos e que aconteceu aqui, na Europa. Foram executados 6 milhões de judeus, além de ciganos, homossexuais, deficientes, velhos. Houve ainda civis e militares que morreram ou ficaram estropiados. A Europa ficou desfeita. Os EUA, como só tiveram estragos em Pearl Harbor e em 1941, colocaram muita indústria virada para a “fábrica da guerra”, conseguindo assim ter dinheiro no fim da Guerra, e com o Plano Marshall ajudaram a Europa a reconstruir-se. Os alemães, que haviam pretendido à força dominar a Europa, perderam, mas fizeram um tremendo esforço de reconstrução. Entretanto, muitas famílias, onde se encaixa a família materna de quem isto escreve, perderam tudo, tendo de fugir de Hitler — no caso da Áustria, invadida em 1938 —, e divididos reconstruíram vidas separadas no Porto e em Londres. Depois de toda a devastação, tentou-se uma união, para precaver uma futura guerra. Cometeram-se erros na tentativa de unir diferenças abismais, mas havia pessoas boas com vontade de fazer tudo diferente e melhor, para conseguir uma união evitando mais uma guerra. A Europa achou que devia continuar a tentar caminhar para a união, mas como ninguém se lembrou de avisar que temos mais tendência para nos desunirmos que unirmos, como já não temos estadistas, estamos uma vez mais a caminho da total desagregação. Prontos, uma vez mais, para a guerra na Europa. Apareça aquele Hitler que anda aí pela sombra, e pela força vai uma vez mais haver guerra, devastação, destruição, mortes e o total desrespeito pela dignidade humana.