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Ideias

É tempo de nos ouvirem

Sou do tempo em que nós, portugueses, tínhamos algum pudor, para não dizer vergonha, de revelarmos, quando no estrangeiro, a nossa nacionalidade. Muitos de nós possuíamos orgulho por sermos portugueses, mas os governantes da altura, sobretudo por serem conhecidos como ditadores que, entre outros dislates, levavam a reboque a população numa guerra colonial ignominiosa, não desfrutavam da melhor das reputações. Dir-se-á que era um sentimento parecido ao que alguns norte-americanos e israelitas, de boa formação humanista e intelectual, estarão hoje a sofrer na consciência, por força de líderes como Trump e Netanyahu. Assaltam-me temores de que se esteja a apoderar de mim idêntico sentimento no que toca à cidadania europeia. Começo a sentir-me incomodado por pertencer a uma comunidade que, de forma oficial, compactua com quem comete as maiores atrocidades em Gaza, apoiando assim, indiretamente, os mandantes de atos tão repugnantes.