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“A imigração abala sociedades onde já não há luta de classes no sentido clássico”: entrevista ao filósofo Guillaume Barrera

Nasceu da globalização, uma força que alterou radicalmente as sociedades, o emprego e as fronteiras. A imigração tornou-se, para muitos, símbolo de ameaça, mas o filósofo francês Guillaume Barrera diz que isso se deve a uma tradicional luta de classes que foi esvaziada de sentido. “Aqueles que se encontram na base da escala social, frequentemente ameaçados pela deslocalização e pelo desemprego, têm um sentimento de rebaixamento, o que gera frequentemente rejeição por migrantes”, justifica o autor, nesta conversa com o Expresso

Manifestação em Lisboa com o objetivo de exigir justiça pelo assassínio de um cidadão do Bangladesh, alegadamente ví­tima de racismo e xenofobia
Tiago Petinga/Lusa

“É evidente que já não podemos compreender a política e os seus males sem refletir sobre as redes sociais”, afirma Guillaume Barrera, filósofo político, ensaísta e assessor político em França. Autor de obras sobre teoria democrática e cidadania, Barrera tem refletido sobre os dilemas contemporâneos das sociedades ocidentais confrontadas com a globalização. Com formação em Filosofia e Ciências Políticas, Barrera tem sido voz ativa no debate público francês, especialmente em temas ligados à justiça social, imigração e identidade. Nesta entrevista ao Expresso, o filósofo liga a questão migratória ao sentimento de “rebaixamento” vivido pelas populações nas sociedades atuais; de França aos Estados Unidos da América, os diagnósticos são convergentes.