A palavra tarifa entrou com tanta violência nas nossas vidas que nem tempo houve para começar a usá-la de forma correta. Em português, tarifa corresponde ao pagamento de um serviço: a tarifa de bordo nos transportes, a tarifa da eletricidade…. As tarifas de Donald Trump (tariff, no inglês) são outra coisa: são taxas sobre os produtos importados. Podem servir para proteger indústrias nascentes, sectores que precisam de ganhar dimensão ou empresas sujeitas a concorrência desleal do exterior. Dificilmente fazem sentido usadas em larga escala para corrigir défices externos. A Europa usou-as recentemente contra os automóveis chineses. Joe Biden não só não eliminou as tarifas do primeiro mandato de Trump como lançou o Inflation Reduction Act que é igualmente protecionista. Donald Trump decidiu aplicá-las de forma maciça e errática: entraram em vigor novas taxas sobre mais de 180 países, esta quarta-feira, para serem parcialmente suspensas horas depois. Os mercados financeiros perderam biliões durante dias e inverteram para enormes ganhos mal a suspensão foi anunciada. É alta volatilidade em estado puro. O jornal “The New York Times” perguntava mesmo se não será este um momento ‘Liz Truss’, numa alusão à desastrosa política da primeira-ministra britânica que lançou o pânico nos mercados financeiros e durou escassas semanas no cargo.
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Eu tarifo, tu tarifas, ele tarifa: como destruir a economia mundial em sete dias
As tarifas de Trump têm um potencial destrutivo quase ilimitado. Nasceu uma nova ordem económica mundial. Para onde nos levará?