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Scholastique Mukasonga, sobre o Ruanda: “Éramos baratas e só tínhamos um direito, o de morrer”

A escritora ruandesa, autora de “Inyenzi ou as Baratas”, saiu do país antes do genocídio. Assistiu ao longe ao assassínio de 37 familiares e a sua obra tornou-se uma voz para os que já morreram

Ruandesa nascida em 1956, sofreu a violência contra os tutsis, que em 1994, há 30 anos, acabaria em genocídio. Scholastique Mukasonga salvou-se por ter sido um dos dois membros da sua família a ter a possibilidade de fugir. Refugiada no Burundi desde 1973, em 1992 emigraria para França, de onde assistiu ao genocídio de 37 familiares — pais, irmãos, sobrinhos. Tornou-se escritora para lhes restituir os nomes

Ela foi dos que se salvaram. Dos que tiveram a oportunidade rara de saírem do Ruanda antes do genocídio. Scholastique Mukasonga pôde ir para o Burundi aos 16 anos e hoje vive em França, carregando o peso de ser a única sobrevivente da sua família. No dia 7 de abril de 1994, há 30 anos, assistiu ao longe ao assassínio de 37 familiares, entre os quais a mãe, o pai, os irmãos e os filhos destes. Desde então, a sua literatura — é autora de 10 romances e tem surgido como candidata ao Nobel — é uma voz para os que já morreram. “Um túmulo”, diz ela, aos 69 anos. Falou ao Expresso em Óbidos, no âmbito do Festival Fólio.