Se o chamado “cinema realista” britânico parece estagnado, mesmo com Ken Loach e Mike Leigh ainda vivos, não deixa de intrigar ser uma jovem cineasta portuguesa com formação na Escócia a oferecer o pedaço de realismo social britânico mais genuíno dos últimos anos. A realizadora chama-se Laura Carreira e já tinha dirigido digníssimas curtas-metragens feitas no Reino Unido. “On Falling”, financiado por Portugal e Reino Unido, é cinema português mesmo quando está mais perto da filiação realista britânica. É complexo: a cineasta estudou fora de Portugal, a produção inglesa é da Sixteen Films, de Ken Loach, mas a protagonista é portuguesa. Dir-se-ia que é uma via legítima, que favorece o filme em si: na estreia em Inglaterra, a imprensa relevante foi ao céu e cineastas importantes como Joanna Hogg desfizeram-se em elogios, isto depois de um consenso crítico desde que se estreou no ano passado, em Toronto, e da conquista da Concha de melhor realizadora no Festival de San Sebastián. Aliás, os prémios internacionais têm sido em catadupa.
Exclusivo
De Glasgow sem amor: na sua primeira longa-metragem, Laura Carreira prova que o trabalho não liberta
Estreia-se nas salas de cinema portuguesas, esta quinta-feira, “On Falling”, drama realista sobre a solidão de uma portuguesa sufocada na precariedade laboral. Joana Santos, a protagonista, é o garante da verdade de uma história sem melodrama