Logo a abrir, tudo estrondeia — e, numa sala IMAX e em 3D, ainda estrondeia mais. É o avassalamento da música, a câmara em trajetórias impossíveis, multidões de gente peculiar — olha, são os munchkins! — em frenética dança, é a multitude de cores (afinal, estamos no reino mágico de Oz), dir-se-ia um arco-íris que se houvesse pulverizado e andado por ali como um distribuidor de canela em superfície de pastel de nata. E são os brilhos e os rumores de alegria, ao rubro quando, numa mágica bolha voadora, uma jovem mulher loura e enjoativamente cor-de-rosa, aparece sobre as cabeças da mole. Todos a reconhecem e saúdam — é Glinda — enquanto, ansiosos, lhe perguntam pela confirmação da notícia que desencadeou toda aquela festança: é verdade que morreu a Bruxa Má do Oeste? Ela assevera que sim. Mas logo outra voz a interpela: é verdade que tinha sido amiga da Bruxa Má do Oeste? No rosto de Glinda vislumbra-se uma lágrima — e é então que a história do filme, deveras, começa.
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Em "Wicked", tal como na vida, o bem e o mal não são coisas simples
Surpresa: “Wicked”, musical da Broadway posto em filme, desafia estereótipos e fala de coisas sérias num registo de fantasia infantil. E se o canto e a dança não voam tanto quando os efeitos especiais, a qualidade de representação é sem mácula, com destaque para Cynthia Erivo no papel da verde Elphaba e Ariana Grande como a frívola Glinda