No princípio, é o ténis, é uma partida que prevemos, instantaneamente, decisiva, tal é o furor com que é filmada, alternando a espinhosa câmara lenta onde até se veem grossas bagas de suor em bica, com rápidos planos de serviço e resposta, impacto de disparos surdos. É uma competição a elevar-se ao estatuto de combate onde um cinéfilo avisado há de sentir, desde logo, que, para lá dos significados a ler na narrativa, se distingue a espessura do prazer do texto. Como se, por momentos, num filme pudesse haver — e porque não poderia? — qualquer coisa de abstrato e o espectador conseguisse fruir a explosão da linguagem cinematográfica (composição dos planos, cromatismos, montagem, som, música) sem se preocupar com o que aquilo quer dizer. No princípio é o ténis, mas é também o cinema em ação e exuberância, o que dá a “Challengers” uma energia muito particular.
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O risco de um triângulo do campo de ténis em “Challengers”: Zendaya e a excelência do cinema de Guadagnino
Triângulo amoroso com ténis profissional em fundo. É o cinema de Guadagnino em toda a sua exuberância, e a protagonista Zendaya em estado de graça