Por falar em “For Ever Godard” (com o for separado do ever, à inglesa e não à americana — podia ser homenagem a outro filme dele que não está aqui, “British Sounds”), o programa que a Leopardo Filmes lançou em várias cidades do país, com 11 filmes de Godard em cópias digitais, várias restauradas, o que vale a pena saber é se esta obra ainda ‘dobra’ alguém que tenha hoje 17 ou 18 anos. Nada contra os velhos — o Jean-Paul Belmondo de “O Acossado” preferia-os aos novos. Mas Godard mudou a vida de muita juventude, e de muitas gerações. Deu-se sempre muito bem com essas idades, que são de acordar para a vida. Alguém de 17 ou 18 anos que entre hoje numa sala de cinema e dê de caras com “Weekend” (que também não está neste ciclo) apanha a mesma paulada na cabeça dos seus avós e bisavós. Insista-se na juventude. Não foi caso único nem história única, mas cada vez que ela a contava, aqueles olhos enchiam-se de brilho. Num certo dia da sua adolescência, em Bruxelas, Chantal Akerman foi ao cinema. Chocou com “Pedro, O Louco”. O filme causou rombo. E naquele dia, decidiu Chantal que era cinema o que queria fazer na vida. Poderá um programa destes em 2024 ainda servir para algo parecido? Se assim for, nenhum elogio maior lhe poderá ser feito.
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11 filmes de Godard nas salas portuguesas: um cinema a começar a existir
“For Ever Godard”, ciclo de filmes do cineasta franco-suíço em cópias digitais restauradas, está a circular por várias cidades do país