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Cinema: Charlie, a pornografia gay e a maldita obesidade em “A Baleia”

Adaptação de um texto teatral, “A Baleia” é um dos filmes mais esperados da temporada. Tem Brendan Fraser como protagonista

Brendan Fraser regressa aos grandes papéis. A sua interpretação de Charlie valeu-lhe uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator

Charlie é um professor de literatura, a ministrar cursos à distância, mantendo fechada a sua imagem, via Zoom, com o argumento de ter avariada a câmara do computador. É mentira. Ele não quer mostrar-se porque é um homem colossalmente gordo, mais de 250 quilos de carne e adiposidades.

Mal se consegue mover, mesmo com o uso de um andarilho. E come, come, come, de uma maneira voraz e desmedida, como se quisesse degradar-se, punir-se de um modo vil, como se quisesse morrer. De facto, quer.

Não é um personagem de que seja possível gostar ou com quem construir empatia. A primeira vez que o vemos está a masturbar-se com pornografia gay e, no fim, quase tem um colapso cardíaco. A ideia não é torná-lo simpático aos olhos do público, mesmo se, por detrás daquele rosto disforme, se entrevê o amável Brendan Fraser que, diga-se desde já, faz um trabalho portentoso (bem azado para o Óscar), soterrado em muitas dezenas de quilos de próteses e chumaços retocados com efeitos digitais.