Há cerca de dez anos, Kvedaravicius instalou-se em Mariupol para documentar, num filme homónimo, a vida quotidiana dos seus habitantes, então a contas com os primeiros ataques militares das forças separatistas russas. Já em 2022, regressou à cidade no intuito de registar o início da guerra que continua a opor a Rússia à Ucrânia, tendo acabado por ser morto pelas tropas russas, em circunstâncias que não foram ainda totalmente esclarecidas.
O doc que resultou desta incursão comporta em si as marcas da tragédia que afetaram a sua rodagem: trata-se de uma peça inacabada, de uma ‘obra em bruto’ constituída pela série de rushes que Kvedaravicius filmou in loco até ao momento da sua morte (e que foram depois coligidas pela sua viúva e por uma colaboradora próxima).