O filme arranca em modo idílico, com uma sequência sem diálogos em que um casal de meia idade vai trocando gestos apaixonados no mar. De regresso a Paris, o par instala-se em casa dela para retomar o quotidiano e apresentar-se ao espectador. Ficamos então a saber que estamos perante Sara, uma indistinta radialista, e Jean, um ex-jogador de rugby desempregado que cumpriu uma pena de prisão.
O manto de meias-palavras que o filme tece à volta das personagens é de ordem estratégica: trata-se de criar um clima artificial de mistério, uma narrativa avessa a detalhes que tem a desvantagem de nos fazer sentir que, mesmo que passássemos a vida com aquele casal, jamais chegaríamos a conhecê-lo para lá da epiderme.