Depois de “Florbela” e de “Al Berto”, Alves do Ó prossegue o seu trajeto pela vida de figuras do século XX evocando o pintor Amadeo de Souza-Cardoso. “Lenda da arte moderna portuguesa” lhe chamou José-Augusto França em 1956, dando espaço à narração da vida breve do pintor de Manhufe e à análise crítica da obra.
A tanto não se abalança Alves do Ó. Da obra, além de uma amostragem em voo de pássaro, retém-se a intencionalidade do cineasta em construir plasticamente os planos incorporando, da vida, elementos que Amadeo transmutaria na tela; do percurso biográfico, o filme cuida de três momentos fulcrais: 1916 — Amadeo e a mulher, Lucie, em Manhufe, em retiro à guerra que devasta a Europa; 1911 — Amadeo e o círculo de amigos (Modigliani, Picasso, Eduardo Viana…) de arte e boémia, em Paris; 1918 — Amadeo em Espinho durante a pneumónica, pandemia que o levaria à morte.