Filmes de grande produção distribuídos e exibidos em larga escala pelos estúdios americanos, os chamados blockbusters, há muitos desde os tempos que Spielberg inventou “Tubarão” e George Lucas lançou “Star Wars”. Depois a experiência evoluiu, década após década, com mais ou menos autorismo, por razões mercantilistas, e degenerou com a moda das sequelas e dos projetos superinflacionados ao nível do marketing, até aos tempos da pré-pandemia, em que praticamente tudo o que estava a ser lançado neste campo nos chegava desprovido de interesse digno de nota.
“Avatar: O Caminho da Água” não é um desses filmes. O espectador não tarda, aliás, dez segundos, a perceber que o que está do outro lado dos óculos 3D é coisa nunca vista. Há duas maneiras de abordar o novo filme de James Cameron, uma técnica e outra emocional (para ir buscar palavras que são do canadiano), e quanto à primeira não nos custa admitir num primeiro embate que este é o mais eficiente e sofisticado 3D jamais visto, a um ponto tal que qualquer experiência do cinema industrial passada neste campo se torna a partir de agora experiência caduca (não estamos aqui a incluir aventuras muito específicas no assunto como as que Jean-Luc Godard, por exemplo, também ensaiou nos seus filmes tridimensionais).