Há saberes recentes, mas este, no que me diz respeito, tem quase meio século: um filme-catástrofe é um projeto narrativo em que a gente sabe à partida o que vai acontecer, só não sabe como acaba. Por isso, pelo menos desde “A Torre do Inferno” de John Guillermin que, em 1974, agrimensou o género, que os argumentistas semeiam personagens para o espectador seguir, em aflições, esperando que sobrevivam à desgraça.
Mais tarde, não contentes com isso, os produtores puseram-se a inventar atrações adicionais para cativar o público (lembro-me de, em 1978, o Tivoli ter instalado um sistema de som Sensurround que fazia tremer as cadeiras no “Terramoto” de Mark Robson). Foi preciso um visionário de génio — James Cameron — para transformar a matéria de um filme-catástrofe (o naufrágio do “Titanic”) numa comovente história de amor surpreendendo tudo e todos. Talvez tenha sido isso que fez de “Titanic” um dos maiores sucessos de toda a História do Cinema.