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O tempo de Hannah Arendt e o tempo das mulheres: em Marvão, pensa-se o presente

Falecida há 50 anos, a filósofa alemã Hannah Arendt dá o mote para o tema “O Tempo das Mulheres”, abordado por seis convidadas no colóquio anual Diálogos em Marvão, no Alto Alentejo

Hannah Arendt (1906-1975) foi aluna de Karl Jaspers, de Edmund Husserl e de Martin Heidegger. Escreveu livros como “As Origens do Totalitarismo” e “Eichmann em Jerusalém — Uma Reportagem sobre a Banalidade do Mal”
Fred Stein Archive/Archive Photos/Getty Images

Na introdução à coleção de ensaios “Homens em Tempos Sombrios” (Relógio D’Água), escrita em 1968, Hannah Arendt explica que estes tempos de que fala — os dela, os nossos — “não são só os novos”. Para já, porque o sombrio surge sempre em oposição a alguma luz, nomeadamente aquela que provém, não tanto de teorias e conceitos, como da “chama incerta, vacilante, e muitas vezes ténue que alguns homens e mulheres conseguem alimentar em quase todas as circunstâncias” e projetar sobre o tempo que lhes foi dado viver. Radicada nos EUA, para onde tinha emigrado em fuga do nazismo que a tornara apátrida em 1937, a filósofa alemã coligia 11 textos sob o signo de um “tempo histórico” que é sombrio por defeito. E é sob o signo de Arendt, de quem se cumprem os 50 anos da morte, que este ano acontecem os Diálogos em Marvão, integrados na Academia Marvão, da qual fazem parte eventos de grande dimensão como o Festival Internacional de Música, realizado sempre em julho desde 2014, com programação de Christoph Poppen.