Revista de imprensa

PSP ordenou que ativistas do clima se despissem na esquadra

Ativistas envolvidas em protestos pela ação climática em dezembro denunciaram ao “Diário de Notícias” que a PSP ordenou que se despissem nas esquadras para onde foram conduzidas. A PSP não desmente, apesar de o Ministério da Administração Interna já ter aplicado repreensão a agente com conduta similar

Algumas ativistas pela ação climática foram mandadas despir pela PSP, quando detidas em protestos. A notícia é avançada pelo “Diário de Notícias”, que dá a conhecer o testemunho de Maria Mesquita, de 21 anos, a quem terá sido dito, aos “berros”, por um agente da PSP na esquadra do Calvário: "Tu aqui não mandas nada, se te dizem para despir é para despir - e vais outra vez lá para dentro e a revista vai ser minuciosa”. O acontecimento data de 14 de dezembro, quando Maria Mesquita e outros ativistas, envolvidos no bloqueio do viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa, foram conduzidos a uma esquadra.

Ao “DN” a estudante integrada no movimento Climáximo denuncia ter sido levada para uma casa de banho, onde deveria “despir tudo”. Quando questionou a ordem dada, agentes da PSP deixaram-na “ ficar só de cuecas e soutien”. Em outra ocasião, a 22 de maio de 2021, quando se envolveu no bloqueio da Rotunda do Aeroporto de Lisboa, foi detida, juntamente com outras 18 raparigas, na esquadra dos Olivais. Foi também, nessa circunstância, obrigada a tirar a roupa, tal como as restantes raparigas, a quem foi determinado que depois se agachassem. O caso motivou uma queixa ao Ministério Público e um inquérito da Inspeção Geral da Administração Interna. O MAI decidiu que foram ultrapassados “os critérios de adequação, proporcionalidade e necessidade”, pelo que a agente que deu as instruções foi repreendida.

Mas, nos últimos meses do ano passado, terá havido mais revistas deste género, feitas pela PSP. A 24 de novembro de 2023, Teresa Cintra, de 22 anos, foi uma das ocupantes do Ministério das Infraestruturas. Nessa circunstância, 19 ativistas foram detidos e conduzidos para a esquadra da Penha de França. No local, as raparigas foram obrigadas a despir-se e a agachar-se.

Questionada pelo “Diário de Notícias”, a PSP não desmente ter havido revistas, nem que as ativistas tenham sido forçadas a despirem-se. De acordo com o “DN”, aquela polícia refere apenas que as revistas “foram efetuadas após detenção por flagrante delito e efetuadas em diversos momentos (…), tendo sido comunicadas à autoridade judiciária”. A PSP justifica que as ações “foram efetuadas por polícia do mesmo sexo que o dos suspeitos, em lugar reservado e de modo a garantir a preservação da sua dignidade".