O presidente executivo do Novo Banco, Mark Bourke, estima que a remuneração dos depósitos a prazo tenda a acompanhar as taxas de juro no mercado, mas sempre mantendo um rácio de 30% a 40%, segundo afirmou em entrevista ao “Diário de Notícias”.
“Nos empréstimos do lado do retalho, estamos a cerca de 30% ou 37%, é o que mostram os preços dos nossos depósitos recentes”, observou o gestor, admitindo que os juros de referência e as taxas dos depósitos continuem “a subir um pouco”.
“Os depósitos a prazo pagarão provavelmente 30% de quaisquer que sejam as taxas de juro ou 40% a longo prazo. É isso que planeamos e é por isso que pensamos que a margem de juro líquida irá provavelmente subir um pouco mais e depois descer um pouco mais e depois deverá estabilizar”, comentou Mark Bourke na entrevista publicada este sábado pelo “Diário de Notícias”, um dia depois de o Novo Banco apresentar os seus resultados do primeiro semestre.
Recorde-se que o banco aumentou o seu lucro em 40%, para 372 milhões de euros, no seu melhor registo de sempre para um primeiro semestre. Grande parte deste crescimento veio do reforço da margem financeira, devido à diferença entre as taxas a que o Novo Banco remunera os depósitos dos clientes e os juros que cobra pelo crédito concedido.
Na mesma entrevista Mark Bourke afirmou ainda que não vê sinais de preocupação ao nível do crédito hipotecário do Novo Banco. “Quando se olha para o que se passa no nosso banco e na nossa carteira, não vemos qualquer tensão na área do crédito hipotecário”, declarou.
“Há um diálogo político muito grande sobre isto, mas a realidade é que não estamos a ver isso. Temos 200 mil hipotecas, tivemos cerca de 9000 conversas sobre taxas, não sobre reestruturação, de facto, 90% dessas conversas têm simplesmente a ver com renegociação de taxas e isso aconteceu, mas não com stress dentro do sistema”, esclareceu.
Numa outra entrevista, dada ao jornal económico “Eco”, Mark Bourke também abordou o tema do plano do Novo Banco para dispersar em bolsa uma parte do seu capital. E indicou ao “Eco” que provavelmente a solução a adotar será uma cotação simultânea das ações na bolsa de Lisboa e num outro mercado europeu, que poderá ser Londres, Amesterdão, Paris ou Frankfurt.
O gestor referiu ainda que o Novo Banco deverá estar pronto para dar esse passo em meados de 2024 ou no segundo semestre desse ano.