“A questão de que o governo de Sócrates teve práticas que efetivamente prejudicaram a CGD e mesmo do ponto de vista da economia criaram distorções de mercado que são relevantes, isso é indiscutível. Não só neste inquérito à CGD, isso já se viu até em comissões de inquérito na Assembleia da República em relação a outros assuntos”, atira João Almeida, deputado do CDS-PP, relator da segunda comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa, em entrevista ao “Jornal de Negócios” esta quarta-feira.
A lista de grandes devedores da Caixa Geral de Depósitos veio a público ontem, mas identidade dos donos dos créditos ruinosos não é conhecida. O relatório da comissão de inquérito da Caixa, entregue esta semana no parlamento, faz referência à “vontade política” em alguns dos créditos concedidos pela CGD, numa altura em que o governo era liderado por José Sócrates.
Ainda assim, o deputado centrista garante que a comissão “não foi felizmente partidarizada”. “É uma das razões do sucesso desta iniciativa parlamentar. Não houve aqui blocos do ponto de vista dos deputados. Todos trabalharam no mesmo sentido. E aqui apura-se responsabilidade de quem a tem”, diz.
Segundo João Almeida, a responsabilização irá ocorrer ao nível da justiça. “Penso que seria muito incompreensível que assim não fosse. É evidente que da comissão de inquérito há muita matéria que merece ser aprofundada em sede de inquérito criminal. Depois, aí a aferição das responsabilidades, a classificação de negligência, de dolo, isso compete ao próprio processo. Agora, seria incompreensível que não houvesse essa investigação. Aliás, sabemos que parte da matéria já está a ser investigada”, afirma.