O Banco Montepio (BM) está a criar uma unidade de empresas, o Banco de Empresas Montepio, e admite-se a possibilidade de vir esta entidade vir a ter o seu capital disperso por outros investidores.
Segundo o “Público” esta segunda-feira, o recém-anunciado (mas ainda sem a sua marca registada) Banco de Empresa Montepio (BEM) pode vir a “subtrair”, em poucos anos, até 2,3 mil milhões de euros de ativos ligados a grandes clientes cumpridores do Banco Montepio. Por outras palavras: o BEM pode vir a acumular todos os bons clientes do Banco Montepio - com volume de negócios acima de 20 milhões de euros - sem que haja uma correspondente passagem de ativos tóxicos e de imparidades.
Note-se: para que possa haver transferência destes ativos em cumprimento do BM para o BEM, os clientes terão de o solicitar.
Em 2018, a carteira de negócio do Banco Montepio associada ao segmento das melhores empresas (os tais que podem vir a ser transferidos para o Banco de Empresas Montepio) contribuiu com resultados positivos de 50,9 milhões de euros, com os custos operacionais a ficarem em 19,3 milhões. “Ao deixar os ativos tóxicos dentro do Banco Montepio, absorvendo apenas os rentáveis, a criação do BEM pode vir a contribuir para desvalorizar o Banco Montepio, que é o principal ativo da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG)”, sublinha o jornal.
De dentro do Banco Montepio, há sinais que a venda de parte do capital do BEM faz parte dos planos para o futuro. Num encontro de quadros em novembro, Carlos Tavares, presidente do conselho de administração do Banco Montepio e que quer ficar à frente do Banco de Empresas Montepio (aguardando-se ainda o aval do supervisor para este último cargo), frisou que a porta da nova instituição iria estar aberta à entrada de outros acionistas.
“O conselho de administração [do Banco Montepio] afastou o projeto de alienação do Montepio Investimentos que estava em curso. Esta lógica não é incompatível com a possibilidade de entrada de parceiros de negócio no capital do banco, aportando capital, 'know-how' e acesso a novos mercados, mantendo o BM o controlo”, lê-se também num documento distribuído aos funcionários da instituição, em abril.
(notícia atualizada às 12.25 com mais informações)