Em junho deste ano, após várias polémicas, soube-se que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ia entrar apenas com 75 mil euros no capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), um valor muito inferior ao que inicialmente tinha sido falado – cerca de 200 milhões de euros. Porém, seis meses antes, em dezembro de 2017, chegou a existir um esboço do contrato de compra de acções do Montepio pela Santa Casa de, pelo menos, 170 milhões de euros, revela o “Jornal de Negócios” esta segunda-feira.
Segundo o matutino, no final do ano passado, tudo estava preparado dentro da Santa Casa para a entrada com 170 milhões no Montepio – datas, preço, pormenores. Ou seja, ao contrário do que foi dito depois, a injeção de um montante tão grande no Montepio, instituição financeira que atravessa um momento problemático, não foi só uma “intenção”.
O esboço do contrato, a que o “Negócios” teve acesso, conta com o logo da Uría Menéndez Proença de Carvalho, representante da mutualista, e é datado de 13 de dezembro de 2017. Neste, lê-se: “No âmbito das negociações realizadas ao abrigo do memorando de entendimento [datado de 30 de junho do mesmo ano], as partes lograram alcançar um acordo quanto à participação da SCML no capital social da CEMG”.
“Nos termos desse acordo, prevê-se que a SCML, verificadas determinadas condições, realize um investimento de 200 milhões de euros na aquisição de acções representativas de 9,18% do capital social da CEMG”, revela o documento.
Em todo o caso, o montante global não entraria no imediato. De acordo com o documento, tudo começaria no início do ano seguinte. “No dia 15 de Janeiro de 2018, a SCML pagará ao MGAM o valor de 170 milhões de euros”, lê-se.