Há cinco meses que os alcoólicos em tratamento em Portugal estão sem acesso a Tetradin, um medicamento utilizado no tratamento do alcoolismo, avança o “Público” esta terça-feira.
Esta situação, que se arrasta desde novembro, já “prejudicou centenas de doentes que recaíram ou não conseguiram iniciar o tratamento”, disse o psiquiatra Domingos Neto, em declarações ao matutino. A empresa que distribuía o Tetradin em Portugal, a Caldeira & Metelo, alega que o fabricante indiano deixou de fornecer o medicamento para a Europa.
Duas centenas de profissionais da área e familiares de doentes subscreveram, no início de março, uma petição pública pedindo “a reposição imediata deste medicamento no mercado português”.
De acordo com a petição em curso, o Tetradin é capaz de aumentar em 30% o sucesso no tratamento da dependência alcoólica.
“Era uma arma interessante, e o facto de não podermos contar com ela prejudica claramente o tratamento de muitos doentes, fundamentalmente aqueles que têm uma grande dificuldade em parar de beber”, disse Ana Feijão, coordenadora da Unidade de Alcoologia do Centro, ao matutino.
Na prática, o dissulfiram (substância principal do Tetradin) funciona para os doentes “como uma espécie de policiamento de si próprios”. “Se o doente beber álcool ‘em cima’ do medicamento, fica vermelho, tem uma baixa de tensão, sente-se mal, pode vomitar, fica ansioso e tem um aumento da frequência cardíaca, embora não corra risco de vida”, explicou o psiquiatra Domingos Neto.