À semelhança do que ocorre na bancada parlamentar do PSD, dentro do CDS também há vozes contrárias à sua atual liderança. Nos últimos dois anos, Filipe Lobo d´Ávila, deputado do CDS, tem sido um mais fortes críticos de Assunção Cristas, posição que ainda mantém, mas também lhe reconhece as vitórias conseguidas para o partido.
No segundo ano de mandato de Assunção Cristas na liderança do partido,“o CDS tem vindo a afirmar-se, não só distinguindo-se em relação ao PSD, a este novo PSD, mas também em relação ao PS”, afirma Filipe Lobo d´Ávila, em entrevista ao “Público” esta terça-feira.
“O resultado de Lisboa contribuiu para essa viragem. Muito à conta de uma aposta na imagem autocentrada da presidente do partido. O facto de ter reforçado o penta [cinco câmaras lideradas pelo CDS] de Paulo Portas acabou por contribuir para o excelente resultado. Na verdade, coincidiu também com o momento em que o PS ganhou em toda a linha. Para todos aqueles que consideram que foi um resultado excelente do CDS – e foi – a verdade é que não o foi para o centro-direita, para quem quer fazer oposição ao PS. O que deve ser central é a construção de um projecto político alternativo ao Governo do dr. Costa e, evidentemente, o CDS tem um papel decisivo, e não único”, explicou.
Segundo o deputado centrista, ao longo dos últimos tempos, o CDS tem procurado marcar a agenda política em diferentes áreas – mas com um erro. “O CDS precisa de construir um projecto político sólido que não esteja única e exclusivamente centrado na imagem da presidente. Há muito caminho e trabalho a fazer no sentido da construção de uma proposta política para o país”, atirou.
“Infelizmente sinto que o CDS hoje, pelo menos a experiência que tive nestes dois anos, não convive muito bem com essa diversidade de opiniões”, confessou ainda.