Não é por acaso que lhes chamam o sol da Europa. As ilhas Canárias são conhecidas por receber os seus visitantes com um clima privilegiado o ano inteiro. Aqui bem perto, em pleno Atlântico, é impossível não se deixar seduzir por este paraíso dividido em oito ilhas, cada uma com a sua essência e personalidade: Gran Canaria, Tenerife, Lanzarote, La Graciosa, La Palma, Fuerteventura, La Gomera e El Hierro.
Em praias de sonho, bordadas a areia fina e águas transparentes, nas ilhas Canárias não importa se estamos no outono, inverno, primavera ou verão: qualquer estação convida a dar um mergulho, praticar desportos náuticos ou simplesmente descansar ao sol que é uma constante ao longo de todo o ano.
Nem só de praias paradisíacas vivem as Canárias
Mas o bom tempo que pode passar neste destino está longe de se limitar à praia. As ilhas Canárias têm muito mais para conhecer além da costa. À medida que se avança para o interior, caminhadas, passeios de bicicleta, escalada, observação de aves ou astroturismo são apenas algumas das opções que os amantes de atividades ao ar livre têm ao seu dispor.
E já que falamos de ar livre, as Canárias são também sinónimo de natureza: no arquipélago, existem sete Reservas da Biosfera e 146 áreas naturais protegidas, incluindo quatro parques nacionais e três reservas marinhas. Conquistando quem as visita com cenários idílicos à medida de todos os gostos, estas ilhas surpreendem com a beleza inóspita de paisagens vulcânicas como as de Lanzarote ou do Teide, em Tenerife, o vulcão que é o pico mais alto de Espanha, em contraste com a opulência de bosques verdejantes como os de La Palma ou La Gomera, o imenso universo subaquático de El Hierro ou o charme por desbravar de La Graciosa, sem esquecer as praias de dunas fartas como as de Fuerteventura ou Gran Canaria.
Um prato cheio de cultura
Porém, se nas ilhas Canárias a natureza é generosa, a oferta cultural é igualmente abundante. Para os que vão em busca de história e cultura, conjuntos monumentais como o de San Cristóbal de La Laguna, em Tenerife, declarado Património Mundial da UNESCO, a Casa-Museu José Saramago, em Lanzarote, que evoca a memória do Prémio Nobel da Literatura português, bem como incontáveis miradouros, jardins e centros culturais estão entre os pontos de interesse a não perder.
Finalmente, e porque não se desfruta de um destino tão rico de barriga vazia, delicie-se com a gastronomia simples, mas apetitosa das Canárias. Numa cozinha com raízes na tradição aborígene, reinam os peixes requintados, como o peixe-papagaio, a garoupa ou o cherne, papas arrugadas, um prato de batatas acompanhadas de mojo picón, um molho típico das ilhas e gofio, um preparado de farinha de grão tostado de trigo ou milho.
Uma lista quase interminável de praias de areia fina, dunas e enseadas é um dos principais atrativos daquela que é a terceira maior ilha das Canárias. As pequenas aldeias do Norte albergam recantos com um encanto marítimo especial, onde se pode tomar banho e provar peixe fresco delicioso. Na capital, Las Palmas de Gran Canaria, é difícil não se apaixonar pela cuidada praia urbana. Já no sul da ilha, destacam-se as praias de dunas, como a reserva natural das Dunas de Maspalomas ou zonas turísticas mais movimentadas, como Puerto Rico e Mogán.
A Gran Canaria é, sobretudo, um pequeno continente onde não falta diversão para todos. Um passeio pelo bairro e mercado de Vegueta, no centro histórico da capital, o Museu e Parque Arqueológico Cueva Pintada, em Gáldar, a inesquecível experiência de observar cetáceos, em Puerto Rico ou o concorrido Carnaval de Las Palmas de Gran Canária são algumas das maravilhas incontornáveis da ilha.
A maior das ilhas Canárias oferece uma grande variedade de propostas, que vão desde o imponente vulcão Teide, até cidades com pitorescos centros históricos e enormes extensões naturais protegidas. Tenerife transborda cultura, exibindo joias arquitetónicas como San Cristóbal de la Laguna, Património Mundial da UNESCO e antiga capital de Tenerife, que alberga um traçado colonial exemplar. Já Puerto de la Cruz é o centro nevrálgico da zona norte, onde se guarda a encantadora igreja de Nossa Senhora de Peña de Francia, rodeada de jardins.
Voltando à beleza natural, mais de 70 espécies de aves reprodutoras têm o seu lar nesta ilha, sendo que um dos melhores lugares para as observar são os miradouros naturais do parque rural de Teno, um maciço vulcânico com grandes falésias costeiras.
Famosa pelas praias turísticas do sul da ilha, em Tenerife vale ainda a pena visitar as praias de areia negra de origem vulcânica mais a norte, enquadradas por uma moldura de ravinas verdes.
O grande cartão de visita da ilha dos vulcões é a sua paisagem ímpar, quase de outro planeta, onde a passagem do tempo cravou crateras e vales de lava solidificada, criando um espetáculo natural declarado Reserva da Biosfera.
Lanzarote divide-se em dois cenários fundamentais: malpaís (terreno vulcânico), a norte, fruto da atividade vulcânica, e praias de areia dourada a sul. As suas cidades e aldeias são pequenas e tranquilas e oferecem locais tão surpreendentes como a zona vinícola de La Geria: um conjunto de escavações cónicas na terra negra, que acolhem as vides no seu interior, protegendo-as do vento. O resultado são deliciosos vinhos com Denominação de Origem.
Para um brinde à não menos deliciosa oferta cultural, é ainda paragem obrigatória a Casa-Museu José Saramago, para auscultar a memória evocativa da presença do Prémio Nobel da Literatura português em Lanzarote, como também os inúmeros pontos onde se desdobra a marca indelével que o artista local César Manrique deixou na ilha, nomeadamente a Fundação César Manrique, o Jardim de Cactus, os Jameos del Agua ou o acervo patente no Museu Internacional de Arte Contemporânea.
A única ilha habitada do parque natural do arquipélago Chinijo, conjunto de pequenas ilhas e ilhéus no extremo nordeste do arquipélago das Canárias, La Graciosa é um lugar recôndito capaz de fazer esquecer a azáfama do dia a dia. Para lá chegar, aproveite o ferry que parte do porto de Órzola, em Lanzarote, até chegar a Caleta del Sebo, um dos dois únicos e pequenos núcleos habitacionais da ilha, onde as ruas se mantêm livres de asfalto. Bicicleta ou excursões a pé são os meios privilegiados de transporte na ilha, onde pode ainda mergulhar em praias paradisíacas e subir ao vulcão da Montanha Amarela.
O epíteto de “la isla bonita” não é seu por acaso: a ilha de La Palma é a mais verde do arquipélago e só pelos seus bosques pré-históricos de laurissilva e pelas inigualáveis condições astronómicas, que permitem observar as estrelas sob um dos melhores céus do mundo, vale a pena visitá-la. Declarada Reserva da Biosfera na sua totalidade, há muitas formas de a percorrer, mas uma das mais inspiradoras é fazê-lo a pé. Os seus trilhos estão pensados para todos os tipos de aventureiros e conduzem a lugares incríveis, como o parque nacional da Caldeira do Taburiente, uma paisagem escarpada, atravessada por riachos e cascatas, ou o Roque de los Muchachos, onde se situa um observatório astrofísico.
Fuerteventura brinda-nos com um menu à la carte de praias paradisíacas de areia branca e águas de cor esmeralda, nas quais o sol brilha o ano inteiro. A segunda maior ilha do arquipélago canário oferece paisagens muito pitorescas, como a mítica Montanha Tindaya, à qual os indígenas atribuíam propriedades mágicas.
Não menos inebriantes são as grandes planícies onduladas de Fuerteventura, com um horizonte de moinhos nos quais se fabrica o típico gofio. Praticar windsurf, mergulhar nos seus ricos fundos marinhos, provar os peixes frescos da zona ou apenas contemplar um bonito entardecer a iluminar o cenário vulcânico estão entre os motivos para não deixar de visitar Fuerteventura.
Pequena em extensão, mas grande em pontos de interesse: assim é La Gomera, um autêntico paraíso para amantes do ar livre, repleto de vales cobertos de palmeiras, imensas ravinas e florestas verde-esmeralda. É o caso do parque nacional de Garajonay, bosque de vegetação pré-histórica declarado Património Mundial da UNESCO. A sua selva subtropical de laurissilva, única no mundo, concentra metade da extensão arbórea deste tipo de vegetação em todo o arquipélago.
Praias recortadas entre falésias, Los Órganos, na zona norte, uma espetacular falésia em forma de tubos ou a bela aldeia de Angulo, com casas coloridas que parem saídas de contos de fadas prometem ser outras das recordações inesquecíveis do périplo por esta ilha.
A mais ocidental das ilhas Canárias cativa, desde logo, pelas suas águas transparentes, perfeitas para o mergulho. Na reserva marinha de La Restinga, povoação mais a sul da Europa, uma paisagem subaquática única e cheia de vida concentra os principais centros de mergulho da ilha, onde é possível realizar imersões como a do Bajón, vulcão submarino que o famoso oceanógrafo Jacques Cousteau explorou na sua primeira viagem a bordo do navio Calypso.
Em San Andrés é paragem obrigatória o Árbol Garoé, uma espécie arbórea sagrada para os antigos habitantes de El Hierro, cujas folhas recolhiam a água da chuva para abastecer a população. No seu centro de interpretação, vale a pena conhecer o fenómeno da chuva horizontal ou partir para caminhadas como a da Rota da Água. Na zona de La Dehesa, El Sabinar, um bonito bosque de sabinas centenárias moldadas pela força do vento são também de cortar a respiração.
Para mais informações: spain.info
Créditos fotografias: Turismo das Canárias e Turismo de Espanha